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Com 487 notificações de microcefalia, o maior número entre os nove estados com casos suspeitos, o governo de Pernambuco está elaborando protocolos de atenção à saúde específicos para questões relativas à doença, caracterizada pelo desenvolvimento inadequado do cérebro de bebês.
Técnicos da Secretaria de Estado da Saúde estão nesta quarta-feira (25) em Brasília finalizando o protocolo para orientar os profissionais do setor no estado sobre a atenção às gestantes e indicações sobre os atendimentos médico e psicológico.
Pernambuco trabalha atualmente com nove hospitais de referência para atender mães e bebês nas macrorregiões de Recife e de Caruaru, Petrolina e Serra Talhada. Setenta e duas unidades de saúde estão notificando os casos em 108 municípios. A notificação passou a ser compulsória e imediata no estado desde 27 de outubro.
Entre as ações, a secretaria determinou que grávidas que apresentam manchas vermelhas na pele façam coleta de sangue para diagnóstico laboratorial e sejam submetidas a ultrassom quando estiverem entre a 32ª e a 35ª semana de gestação. As grávidas que chegam aos hospitais com resultados de ultrassom indicando que o bebê tem microcefalia também passam por exames de sangue e são encaminhadas para iniciar atendimento psicológico.
Para a secretária executiva de Vigilância em Saúde, Luciana Albuquerque, o grande número de casos de microcefalia em Pernambuco é resultado da notificação em tempo real estabelecida em outubro. “Na medida em que temos notificação imediata, é de se esperar que os números aumentem. Todo o estado está notificando, então, os números podem subir”, disse Luciana. Dos 487 casos de microcefalia notificados entre 27 de outubro e 22 de novembro, 175 se encaixam nos critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A secretaria também está organizando as unidades de saúde a prestar assistência às crianças com microcefalia. A Associação de Assistência à Criança Deficiente será uma dessas instituições.
Segundo a infectologista Ângela Rocha, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz), as alterações no desenvolvimento da criança dependem da área do cérebro que foi afetada. “É importante fazer o acompanhamento. Não podemos dizer que as crianças que têm microcefalia serão do mesmo jeito. Isso vai depender do tipo de lesão e de como o cérebro será estimulado. Há áreas do cérebro que são menos lesadas e, quando as estimulamos, conseguimos um ganho muito grande e até inesperado.”
Uma pesquisa feita no estado entre agosto e outubro pelo Programa de Treinamento em Epidemiologia Aplicada aos Serviços do Sistema Único de Saúde investigou 47 casos para verificar o que pode ter causado o aumento atípico no número de crianças com microcefalia e levantar hipóteses. Dentre as ocorrências, 27 grávidas apresentaram manchas vermelhas no corpo, um dos sintomas da infecção causada pelo vírus Zika. A maioria dos casos não teve causa definida. Apenas três estão relacionados à infecção por sífilis, um por citomegalovírus e um por herpes.
Apesar da hipótese de haver relação entre o aumento dos casos com o vírus Zika, a Secretaria da Saúde de Pernambuco continua investigando outras infecções relacionadas à ocorrência de microcefalia.