Saúde

Microcefalia: Especialistas defendem humanização no diagnóstico

Desafios e cuidados para informar às gestantes a ocorrência da malformação fetal fazem parte de treinamento realizado para 31 médicos ultrassonografistas da rede de saúde do Recife

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 02/12/2015 às 6:44
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Desafios e cuidados para informar às gestantes a ocorrência da malformação fetal fazem parte de treinamento realizado para 31 médicos ultrassonografistas da rede de saúde do Recife - FOTO: Ashlley Melo/JC Imagem
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O avanço dos casos de microcefalia estimula os médicos a refletirem sobre uma forma cautelosa de dar o diagnóstico de uma anomalia congênita cujas repercussões no desenvolvimento da criança ainda não são bem conhecidas. Os desafios e os cuidados para informar às gestantes a ocorrência da malformação fetal fazem parte de treinamento realizado, nesta quarta-feira (2), para 31 médicos ultrassonografistas da rede de saúde do Recife. 

“Vamos chamar a atenção para detalhes que podem ser vistos durante um ultrassom, mas também não devemos esquecer como o achado de microcefalia deve ser comunicado à paciente, que precisará de um apoio psicoemocional”, diz o médico Pedro Pires, que ministra a capacitação. Coordenador de medicina fetal do Centro de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), Pedro chama a atenção para a importância de uma comunicação cautelosa para as gestantes, mesmo diante de suspeitas dessa anomalia congênita. 

“A maioria desses casos recentes de microcefalia tem sido observados em ultrassom após a 30ª semana da gestação. Mas é uma condição que pode ser percebida antes disso. Os ultrassonografistas precisam seguir um roteiro cuidadoso para evitar dar o diagnóstico de microcefalia nos casos em que essa condição não se enquadra”, frisa o médico. 

No Recife, as consultas de pré-natal são realizadas nas 122 Unidades de Saúde da Família (USFs) onde as mulheres são cadastradas. Nas áreas descobertas, o atendimento é feito nas 12 policlínicas e nas Maternidades Bandeira Filho, Arnaldo Marques e Professor Barros Lima. A partir de hoje, todas as equipes de saúde do município recebem treinamento para lidar de forma mais cuidadosa com questões relacionadas à microcefalia durante a gestação e após o parto. 

Há uma programação especial para o Programa Mãe Coruja Recife, cujos espaços começam a oferecer suporte emocional às mães que recentemente deram à luz crianças com microcefalia. Nas unidades, elas passam por uma escuta qualificada, que envolve diálogo e acolhimento com enfermeiros, técnicos e assistentes sociais. “No dia 14, realizaremos uma palestra com fonoaudiólogas e psicólogas sobre microcefalia para as gestantes, que estão ansiosas com a situação e têm muitas dúvidas”, ressalta a enfermeira Cecília Cartaxo, do Espaço Mãe Coruja Água Fria, na Zona Norte da cidade. 

Orientações de enfrentamento ao Aedes aegypti passaram a fazer parte do cronograma do Mãe Coruja. “Combater o mosquito tem sido o maior desafio nas comunidades. Por isso, passamos a fazer um trabalho educativo com as gestantes sobre a necessidade de se combater o vetor”, frisa Cecília. 

Ontem o Ministério da Saúde assegurou que será estabelecido uma política de acompanhamento de gestantes com sintomas de zika, doença relacionada ao avanço dos casos de microcefalia. A situação em Pernambuco tem sido analisada com o suporte do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, cujos representantes se reuniram ontem com o secretário estadual de Saúde, Iran Costa. 

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