SAÚDE PÚBLICA

Bairros "campeões" de Aedes aegypti também lideram casos de microcefalia

Cohab, Ibura e Várzea estão à frente nas estatísticas oficiais

Do JC Online
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Publicado em 01/12/2015 às 6:44
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Cohab, Ibura e Várzea estão à frente nas estatísticas oficiais - FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem
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As tabelas “batem” de forma inquestionável. Os três bairros do Recife com o maior número de ocorrências relativas ao mosquito Aedes aegypti são também os que apresentaram o maior número de casos de microcefalia. Cohab e Ibura, na Zona Sul, e Várzea, na Zona Oeste da cidade, são, respectivamente, os locais onde se concentram a maior parte das ocorrências de dengue, zika e chicungunha, com 2.781, 1.614 e 947 casos confirmados até o dia 14 de novembro, segundo dados da secretaria de saúde da prefeitura. Os mesmos três bairros ficam na ponta do ranking de registros de microcefalia na cidade: dos 97 casos confirmados até o dia 14 de novembro, os oito são no Ibura, sete na Cohab e sete na Várzea.

Juntos, os três bairros respondem por pouco mais de 10% da população do Recife, com 188 mil habitantes. A Cohab já foi alvo do primeiro mutirão de combate ao mosquito, realizado no último final de semana. A ação da prefeitura engloba várias secretarias, com o objetivo de erradicar focos do Aedes e educar a população no sentido de não potencializar a proliferação do inseto. Entre os próximos bairros a receberem a visita do mutirão estão Alto do Mandu, Várzea e Ibura.

Em uma rápida visita aos três bairros “campeões” de Aedes aegypti, é fácil ver o motivo de estarem na liderança do ranking. O lixo fica espalhado pelas ruas, junto a tralhas de toda espécie, como pneus e carcaças de eletrodomésticos. Capinação é artigo de luxo: o mato cresce sem resistência pelas vias. Em pleno terminal de ônibus da UR-2, no Ibura, uma montanha de lixo fica ao lado das pessoas que esperam pelos ônibus. Na localidade da Lagoa Encantada, no mesmo bairro, a comunidade reclama do alto índice de casos de dengue e chicungunha. Na rua Engenheiro José Mário Freire, poucas são as pessoas que ainda não tiveram alguma das doenças provocadas pelo mosquito. “Aqui em casa, todos tiveram: eu, meu marido e meus dois filhos. Isso começou há mais ou menos dois meses. Tem gente que está doente há duas semanas e ainda não melhorou”, explica a doméstica Elisua da Silva.

Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cohab, o cenário é de caos. Pessoas de todas as idades reclamando de dores no corpo, fraqueza, tonturas e febre. “Meu marido está desde 8h lá dentro, com febre de 39 graus e sem conseguir andar direito. Todo mundo na minha rua está doente, tudo por causa desse mosquito”, conta a maquiadora Gerlane Torres.

A secretaria de Saúde da prefeitura informou que, além dos mutirões dos finais de semana, serão intensificadas as visitas de rotina nas comunidades mais afetadas pelo Aedes Aegypti. Segundo a secretaria, cerca de 600 agentes de vigilância ambiental fazem rondas diárias pelos locais de risco, entre as 8h e 17h, de segunda a sexta-feira.

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