Saúde

Microcefalia: Famílias enfrentam desafios na busca por tratamento

União de Mães de Anjos, entidade que oferece assistência às famílias das crianças com microcefalia, corre atrás dos direitos e exige melhor assistência para os pequenos

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 25/10/2016 às 9:08
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União de Mães de Anjos, entidade que oferece assistência às famílias das crianças com microcefalia, corre atrás dos direitos e exige melhor assistência para os pequenos - FOTO: André Nery/JC Imagem
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Presidente da União de Mães de Anjos (UMA), Germana Soares abraçou a missão de ser porta-voz de mais de 300 mães de crianças que nasceram com microcefalia em Pernambuco. Ao correr atrás dos direitos e exigir uma melhor assistência para os pequenos, ela passou a perceber que, neste primeiro ano da era zika, houve avanços na busca pelas respostas e no atendimento para os bebês, mas ainda há muitas dificuldades no dia a dia.

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“Do mesmo jeito que nós fomos surpreendidas, o Estado também foi. É como se tivesse que se reestruturar do zero e no agora porque as crianças já haviam nascido para receber as estimulações e não havia vagas nem centros para oferecer isso, principalmente no interior”, recorda Germana, que tem se reunido com a Secretaria Estadual de Saúde para tentar contornar as dificuldades encontradas nas terapias e na dispensação de medicamentos pela rede pública.

“Estamos tentando construir uma política pública, que possibilite atendimento com qualidade. Em Caruaru, onde o atendimento era de 15 minutos por semana para duas crianças, conseguimos mudar o cenário. Conseguimos também treinamentos para profissionais e hoje lutamos pelo aumento de vagas para o atendimento”, diz Germana. Nesse primeiro ano, ela lamenta o falecimento de três bebês, que não resistiram às complicações graves decorrentes do zika. “O vírus atrapalhou a deglutição, eles broncoaspiravam, passaram a usar sonda...”, acrescenta a presidente da UMA, ao se referir a condições graves que mais interferem na qualidade de vida das crianças com microcefalia associada ao zika.

CONSEQUÊNCIAS

Para a neuropediatra Ana Van der Linden, as consequências trazidas pelo vírus preocupam mais do que os problemas causados por outros agentes que também causam a malformação congênita. “O zika é o mais devastador. Ele destrói o cérebro por atacar células nervosas novas. Um detalhe é que observamos casos mais leves supostamente associados ao vírus. Mas são situações que ainda não se explicam porque são bebês de mães que relatam ter tido a infecção no mesmo período de gestação que outras mães (cujos filhos têm quadro mais grave)”, conclui Ana, ao destacar como as dúvidas ainda permanecem.

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