Mortalidade da tuberculose em Pernambuco chega ao dobro da taxa nacional

No Estado, são registrados cerca de 4,6 mil novos casos de tuberculose por ano. Taxa de mortalidade é de 4% por 100 mil habitantes
Cinthya Leite
Publicado em 24/03/2017 às 11:02
No Estado, são registrados cerca de 4,6 mil novos casos de tuberculose por ano. Taxa de mortalidade é de 4% por 100 mil habitantes Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem


Problema de saúde associado à pobreza e a más condições de vida, a tuberculose tem preocupado especialistas e autoridades de saúde. Só nas Américas, quase 270 mil pessoas contraíram a enfermidade em 2015 (em Pernambuco, a média é de 4,6 mil novos casos por ano) e quase 50 mil não sabem que estão doentes. É necessário acelerar o passo para acabar com a doença em 2030 – nova meta relacionada à saúde incluída nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Neste Dia Mundial da Tuberculose (24), o pneumologista Blancard Torres faz um alerta: “A tuberculose sempre existiu, mas tem se agravado. A taxa de mortalidade, em Pernambuco, é de 4% por 100 mil habitantes, em média. É quase o dobro da taxa nacional, de 2,2%”.

Coordenador da campanha realizada hoje, pelo Real Hospital Português, na Comunidade do Pilar (Bairro do Recife), das 8h às 12h, o médico chama a atenção para a importância de os pacientes serem orientados a não abandonarem o tratamento – que dura cerca de seis meses. “A taxa de cura não tem chegado a 85% (índice recomendado pela Organização Mundial de Saúde para se reverter a problemática da doença) porque os pacientes não chegam ao fim do tratamento. Nesse sentido, vem outro problema: o avanço da tuberculose multirresistente. Para ela, as drogas para tratamento não têm sido suficientes”, destaca Blancard. Em Pernambuco, a taxa de cura foi de 70% em 2015 – um percentual 15% abaixo do recomendado.

Para mudar essa realidade, a a Organização Mundial da Saúde tem convocado os países a promoverem o acesso a uma atenção à saúde de qualidade – algo que mais de um terço das pessoas com tuberculose no mundo precisam, especialmente os grupos em maior risco de desenvolver a doença. Entre eles, estão as pessoas que vivem com HIV, moradores de rua e bairros marginalizados, reeducandos do sistema penitenciário e pessoas com dependência de substâncias.

“É preciso acolher bem os pacientes e fazer um tratamento dirigido diretamente à atenção básica, o que significa observar com frequência as pessoas com a doença. Há quem se sinta bem na metade do tratamento e acha que pode parar. Mas é preciso concluir os seis meses. E no caso da tuberculose multirresistente, esse tempo aumenta para um ano e meio”, diz Blancard Torres. Ele acrescenta que, no Brasil, a taxa de abandono do tratamento é de 11%. No Recife, fica entre 12% e 14%. “Outro problema é que menos de 80% das pessoas com tuberculose são diagnosticadas. O ideal seriam 90%.”

E sem saber que convivem com a doença, as pessoas não têm como seguir a terapêutica, o que aumenta a transmissão. “Sem tratamento, cada paciente, por ano, infecta de 10 a 15 pessoas”, acrescenta o médico, que se preocupa com a incidência da doença. “No Brasil, são 32,3 novos casos por ano para cada 100 mil habitantes. Em Pernambuco, essa taxa sobe para 40. O Estado é o terceiro em incidência, atrás do Amazonas (1º) e do Rio de Janeiro (2º).

ATIVIDADES

Nesta sexta-feira (24), além da campanha na Comunidade do Pilar, são oferecidas outras ações à população. Às 16h30, há distribuição de panfletos informativos (ação da Secretaria Estadual de Saúde em parceria com o Comitê Pernambucano de Combate à Tuberculose). Já a Secretaria de Saúde do Recife realiza, das 9h às 16h, a coleta de escarro em pessoas que estão com tosse há mais de duas semanas, febre e perda de peso. As atividades ocorrem na Policlínica Clementino Fraga, no Vasco da Gama, Zona Norte do Recife.

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