Médicos do Recife começam paralisação de advertência de 72 horas

Categoria ameaça parar atividades até a sexta-feira (22) para cobrar segurança, mais profissionais e melhoria na estrutura das unidades
Da editoria de Cidades
Publicado em 20/09/2017 às 9:10
Categoria ameaça parar atividades até a sexta-feira (22) para cobrar segurança, mais profissionais e melhoria na estrutura das unidades Foto: Foto: Diego Nigro/JC Imagem


Falta de segurança na rede de saúde do Recife, déficit de profissionais e precariedade da estrutura física levam 1.128 médicos a cruzar os braços de hoje até a sexta-feira (22). Nesse período, o atendimento nas emergências, urgências e maternidades do município continua, mas 122 unidades de saúde e 12 policlínicas da cidade (como a Lessa de Andrade, uma das mais movimentadas, na Madalena, Zona Oeste), fecham as portas dos serviços ambulatoriais e eletivos ao longo dessa paralisação de advertência de 72 horas. O movimento também reivindica reajuste salarial de 6%, já que os vencimentos da categoria estão defasados. 

“Já faz oito meses que tentamos fazer uma negociação com a Prefeitura do Recife, que até tenta resolver alguns problemas, mas o oferecido é muito aquém do que solicitamos”, denuncia o diretor do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) Walber Steffano. Segundo o Simepe, atualmente um médico plantonista (24 horas semanais) recebe cerca de R$ 5,6 mil por mês, além de R$ 3 mil de gratificação. A gestão municipal, segundo Walber, sugeriu um reajuste de 2%, condicionado à Lei de Responsabilidade Fiscal. “Ou seja, não há garantia desse aumento.”

Durante as 72 horas de paralisação dos serviços eletivos, ambulatórios e postos vinculados à Estratégia de Saúde da Família (ESF), os médicos também exigem segurança no ambiente de trabalho. “São roubados dentro das próprias unidades de saúde, que não contam mais com vigilantes. Os profissionais estão assustados”, destaca o presidente do Simepe, Tadeu Calheiros. Além disso, a classe luta por valorização dos preceptores, que orientam e supervisionam um médico em formação.

“A medida visa sensibilizar a gestão municipal para a necessidade de um olhar cuidadoso e urgente para a resolução e melhorias das dificuldades recorrentes. Na Maternidade Professor Bandeira Filho (em Afogados, Zona Oeste), só há um neonatologista por plantão. O ideal seria ter três a cada 12 horas. No Hospital de Pediatria Helena Moura (na Tamarineira, Zona Norte), a escala de médicos está também desfalcada. Isso prejudica o atendimento à população e leva a uma sobrecarga de trabalho”, diz Walber.

No dia 12, o Simepe convocou os médicos da rede de saúde do Recife para assembleia geral. Na ocasião, já havia sido discutida a possibilidade de greve, a fim de chamar a atenção do poder público para a solução de problemas nas condições de trabalho, segurança, estrutura física e aumento salarial. “A classe não parou porque a prefeitura disse que apresentaria uma proposta, o que não aconteceu”, salienta Walber. Ele frisa que, antes da atual paralisação, o Simepe solicitou uma reunião à Secretaria de Saúde do Recife para tentar nova negociação, mas o encontro não foi realizado.

Em julho, os médicos do Recife fizeram paralisação de advertência de 48 horas. Naquela época, a prefeitura alegou que equipes da Estratégia de Saúde da Família estariam completas com médico até agosto, mas o Simepe destaca que a defasagem permanece.

Negociação 

Em nota, a secretaria informa estar aberta à negociação. Diz ter oferecido abono salarial de R$ 600 para jornadas de oito horas e proporcional para demais jornadas; reajuste de 16,13% no vale-refeição e de 2%, condicionado à redução do custo da folha salarial. Esclarece que tem discutido reforço nas ações de segurança, como instalação de câmeras de videomonitoramento. Sobre estrutura, avisa que 24 unidades de saúde estão em processo de requalificação, um investimento de R$ 4,4 milhões.

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