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Magiluth celebra 15 anos com indicações a prêmios e vários projetos

Peça 'Apenas o Fim do Mundo' concorre em premiações nacionais

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 18/08/2019 às 6:00
Cacá Bernardes/Divulgação
Peça 'Apenas o Fim do Mundo' concorre em premiações nacionais - FOTO: Cacá Bernardes/Divulgação
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No final de 2018, o cenário para o ano seguinte não era animador para o Magiluth. O grupo de teatro pernambucano via as contas apertarem e a falta de incentivos impossibilitar a manutenção das atividades. Mas, preservando o espírito desafiador que fez com que o coletivo ganhasse visibilidade nacional, seus integrantes se mobilizaram para reverter a situação com a ferramenta que lhes cabia, a arte. Montaram um novo trabalho, Apenas o Fim do Mundo, e não só superaram, como reverteram o cenário, comemorando seus 15 anos de atividades com indicações a alguns dos principais prêmios de teatro do País.

O mais recente trabalho do coletivo formado atualmente por Pedro Wagner, Giordano Castro, Mário Sérgio Cabral, Erivaldo Oliveira, Lucas Torres e Bruno Parmera começou a ser desenvolvido a partir de residências, primeiro no Feteag, em Pernambuco, e, posteriormente, no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, onde estreou em abril. Desde então, já cumpriu temporada no Recife e no Rio de Janeiro e foi indicado ao prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte (Melhor Ator para Mario Sérgio Cabral), Aplauso Brasil (Melhor Ator Coadjuvante para Giordano Castro; Melhor Direção, para Giovana Soar e Luiz Fernando Marques; e Melhor Espetáculo de Grupo); e ao Shell (Melhor Cenário para Guilherme Luigi e Luiz Fernando Marques).

“Não temos patrocínio e por isso para a gente é essencial vender temporada, estar em cartaz. Estrear Apenas o Fim do Mundo não era só uma vontade, mas uma necessidade. Somos um coletivo que vive de teatro, com uma gestão horizontal, salários. Para isso, temos que nos organizar e resistir e, felizmente, agora vivemos um bom momento”, celebra Mario.

Ao longo de sua trajetória, o Magiluth conseguiu estabelecer uma relação com o público de artes cênicas do Recife e também com aqueles que não costumam frequentar os teatros. Esse fenômeno pode ser conferido sempre que eles voltam a se apresentar na capital pernambucana: em pouco tempo, as sessões se esgotam, como foi o caso da temporada realizada entre maio e junho no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam).

“Para a gente é muito gratificante olhar para a plateia e observar uma galera que nos acompanha a muito tempo e também observar sempre um público mais jovem, que às vezes está tendo contato pela primeira vez com nosso trabalho e com o teatro mesmo. Acho que parte do motivo dessa nossa relação com o público é o desenvolvimento de uma linguagem ao longo desses 15 anos, nos desafiando e crescendo também junto com os espectadores”, reforça.

As indicações aos prêmios e o bom momento do grupo no momento em que comemoram os 15 anos de atividades, é, para Giordano Castro, simbólico. Colocando a trajetória do grupo em perspectiva, ele percebe a evolução e maturidade no fazer artístico, com mais segurança nas interpretações e minimalismo no espaço cênico, o que ele atribui aos esforços de pesquisa continuada.

“Acho que esses prêmios refletem algo que precisa ser pensado na esfera do poder público, que é a de que o investimento em cultura reflete em toda a classe artística e na cidade como um todo. Se a gente for fazer um paralelo, é inegável a repercussão que Pernambuco tem no cinema, nacional e internacionalmente, e isso é muito positivo para o Estado. Quando o Magiluth é celebrado em uma premiação, isso é um reconhecimento do trabalho feito no Recife e é parte de um esforço coletivo, da luta de muitos grupos da cidade. A cultura fortalece a imagem do Estado”, reflete Giordano.

PROJETOS

Para continuar as comemorações de seus 15 anos, o grupo se apresentará com Apenas o Fim do Mundo no festival Transborda, em setembro, e logo em seguida fará nova temporada no Mamam. Em outubro, ocuparão o Teatro Marco Camarotti com uma mostra de repertório. Os artistas esperam ainda estrear um novo espetáculo de rua baseado em Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, com direção de Rodrigo Mercadante, da Cia do Tijolo.

Outro desejo do coletivo é montar um espetáculo sobre o bairro de São José, sobre o qual têm desenvolvido uma pesquisa com apoio do Funcultura. A ideia é que seja uma obra inserida no calendário cultural do Recife, com participação de artistas de diferentes linguagens.

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