“"Ali começava a viagem e finalizava o gozo – literal e estético".” O “ali” eram as capas do ilustrador Benício, já a viagem e o gozo, do escritor Xico Sá. Assim como milhares de adolescentes nos anos 1950 e 1960, Xico entregou seu coração às mulheres desenhadas pelo gaúcho José Luiz Benício, 75. O Museu Murillo la Greca exibe, até 21 de outubro, a exposição Mulheres de Benício, com 68 obras fatais do autor.
Foi nas mãos de Benício, que a série ZZ7, lançada na época pela editora Monterrey, ganhou o país. Benício se tornou o “rei” do pulp erótico e foi devido às suas ilustrações, que estampam mulheres corpulentas nas capas de pockets book apimentados, que as edições permaneceram cerca de 20 anos no mercado.
Através de Benício a personagem mais famosa daqueles livros eróticos, Brigitte Monfort, a espiã de cabelos pretos e olhos azuis, virou febre nacional. Vendia feito água e atingia um público massivo porque ela era melhor que a imaginação do leitor. Era ideal, completa.
No entanto, tal artimanha de mercado, de se valer de recursos massivos, comuns ao fenômeno pulp, não quer dizer que a produção de personagens como Brigitte careçam de elaboração sofisticada. A personagem, assim como sua mãe, Giselle, da série A espiã nua que abalou Paris, e outras pin-ups de Benício são resultado de um intenso processo criativo.
"“Meu trabalho é baseado numa figura normal, clássica. Paralelamente a isso, fui acrescentando toques de popularidade, por isso que ela ficou sexy. E assim, me dei muito bem”, explica". Para o ilustrador, a estética contemporânea não dialoga de forma generalizada com o público. “"Para o grande público, não se vende Picasso. O desenho popular de antigamente continua o mesmo"”, completa.
Leia a matéria completa no Caderno C deste domingo (30)