Pulp

Quando o cinema agrega o pulp

O fenômeno pulp alcançou o cinema e foi claramente homenageado por um dos mais renomados cineastas da pós-modernidade, Quentin Tarantino

Do JC Online
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Publicado em 30/09/2012 às 6:34
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É impossível pensar em pulp e não lembrar de Quentin Tarantino. Ora, uma das mais veneradas obras do diretor chama-se, não aleatoriamente, Pulp fiction (1994). Aficionado da cultura massiva, Tarantino usa e abusa de referências populares em suas produções, prática comum na arte pós-moderna. Nesse movimento – que invadiu o século 20 – não há distinção entre o popular e o erudito na hora de fazer arte.

Apesar de não existir uma estética pulp realmente definida, a apropriação desse fenômeno cultural encontrou terreno fértil na obra tarantinesca, tanto na apropriação visual como de conteúdo. Os primeiros segundos de Pulp fiction são nada mais que uma tela preta e o letreiro ensinando o significado da palavra pulp, fazendo referências às revistas americanas do século 19. Era um aviso: o filme é uma homenagem às publicações que traziam cores fortes, armas, mulheres e homens suspeitos, violência e ação.

No próprio cartaz da película, propositalmente envelhecido, Uma Thurman aparece sensual, fumando cigarro na cama, abaixo de um título cujo letreiro é característico das edições pulp. No filme, os recursos imagéticos utilizados, como cenas minuciosamente compostas, sangue espirrando na tela e braços cortados sem pena poderiam, certamente, servir ao enredo dessas magazines. E assim Tarantino – que, por sinal, é mestre em fazer grandes produções com baixo orçamento – seguirá pela maior parte de sua obra. Aos fãs, quem não lembra da emblemática cena de tortura em Cães de Aluguel (1992)? Por dez minutos, um homem passa por uma das mais intrigantes cenas de sadismo do cinema e tem sua orelha “delicadamente” cortada.

"“Tarantino foi um adolescente apaixonado por cultura popular, incluindo aí filmes de horror e western italinos, blaxploitation, cinema australiano independente, cinema asiático de ação e todo tipo de cinema de periferia, feito sem intenção artística. Uma vez elevado ao status de artista, ele se apropriou de todas essas referências e usou esse prestígio para propor um movimento de revalorização da arte popular. Isso incluiu também aquilo que consideramos pulp e misturou com elementos de alta cultura, indistintamente”", explica o professor de Comunicação da UFPE Rodrigo Carreiro.

Apesar de permeado de violência pós-moderna, os filmes de Tarantino são, também, envolvidos em críticas, sátiras, reflexões, apaixonados pelo diálogos e por um gênero de ação que ri de si mesmo. Seus filmes são montanhas russas que alcançam um grande público e apresentam um lado profundo, bem elaborado. Tenha certeza, nada ali está em vão.

Leia a matéria completa no Caderno C deste domingo (30)

 

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