Abolida do País há mais de cem anos, a escravidão deixou uma mácula que reverbera até hoje no cotidiano do povo negro. Submetidos a condições desumanas, homens e mulheres escravizados fizeram da riqueza cultural de seus locais de origem resistência aos costumes impostos na terra desconhecida.
O extenso legado cultural construído a partir daí é o tema da exposição Diáspora, reunião de 30 obras que o artista plástico brasiliense Josafá Neves inaugura hoje, às 19h, no Museu da Abolição, bairro da Madalena, Zona Oeste da cidade.
Diáspora é resultado de uma pesquisa feita em quatro anos na qual Josafá, autodidata, estudou e selecionou ícones da dispersão e do fortalecimento da identidade negra no Brasil. Cartola, Clementina de Jesus e Luiz Gonzaga são alguns dos retratados em figurinos de cores vibrantes, contrastando com o fundo preto das telas. Painéis e esculturas eternizaram também nomes da intelectualidade nacional, a exemplo da antropóloga Lélia Gonzalez e do geógrafo Milton Santos.
Já exibida na Bienal de Havana (Cuba) e na del Sur (na Venezuela), a mostra fica em cartaz no Recife até maio de 2017, sempre de segunda a sexta (9h às 17h), e aos sábados, das 13h às 17h. A visitação é gratuita.