Mestre do suspense psicológico, o cineasta inglês Alfred Hitchcock criou uma das mais consistentes filmografias da história do cinema. Em filmes como À sombra de uma dúvida (1943), Um corpo que cai (1958), Psicose (1960) e Os pássaros (1963) – só para citar alguns entre seus 63 títulos –, Hitchcock deu vida a personagens e situações que aterrorizaram espectadores de todo o mundo. Até a sua morte, em 1980, aos 80 anos, o nome dele antecedia os dos atores nos créditos. Mas não era apenas isso: aparições cômicas em alguns dos seus filmes, além da apresentação em séries de TV que produziu entre os anos 1950 e 1960, tornaram-no reconhecível por qualquer mortal.
Mas sua aparência robusta e um tanto esquisita escondia inúmeros segredos. Alguns deles já foram revelados. Primeiro em livros – que agora ganharam versões como filmes. As idiossincrasias e desvios de personalidade de Hitchcock são o chamariz de dois longas. Eles detalham aspectos de seu modo de trabalhar e o relacionamento com as famosas atrizes louras, que ele obsessivamente colocava como protagonistas dos seus longas. O primeiro estreia neste sábado (12/01), às 22h, na HBO: The girl, dirigido por Julian Jarrold, desnuda um dos casos mais escabrosos do passado do diretor. Com a ajuda de maquiagem e uma barriga falsa, Toby Jones revive Hitchcock durante seu envolvimento com a modelo e atriz Tippi Hedren (mãe da atriz Melanie Griffith), que atuou em Os pássaros e Marnie - Confissões de uma ladra (1964).
A partir das informações contidas no livro Fascinado pela beleza, de Donald Spoto, um dos maiores especialistas na obra de Hitchcock, The girl conta a paixão alucinada do diretor pela atriz, atualmente uma senhora de 83 anos. A produção concorre em três categorias do Globo de Ouro: melhor filme, ator (Toby Jones) e atriz (Sienna Miller). No telefilme, Sienna revive os horrores da convivência com o cineasta, marcadas por exigências e agressões, além de investidas sexuais.
Descoberta por Alma Reville, mulher e colaborada do cineasta desde o cinema silencioso, na Inglaterra, Tippi Hedren assinou um contrato de sete de anos com Hitchcock. A atriz chegou a dizer que Hitchcock arruinou a sua carreira, mas não a sua vida.
O segundo chama-se Hitchcock e estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia oito de fevereiro. Desta vez, o cineasta é capturado durante as difíceis filmagens de Psicose, quando passou momentos dramáticos no casamento e também em relação à produção do filme, talvez o mais forte de sua longa carreira em Hollywood. Para interpretá-lo, um Anthony Hopkins irreconhecível, coberto por uma pesada maquiagem, que garantiu ao filme sua única indicação ao Oscar.
Hitchcock, dirigido por Sacha Gervasi, tem sua origem numa reportagem de Stephen Rebello sobre as filmagens de Psicose. O longa-metragem mais famoso de Hitchcock trouxe-lhe uma grande dor de cabeça. Além da Paramount deixá-lo na mão, por algum tempo ele acreditou que sua mulher estava tendo um caso com um roteirista. Mas o que o filme revela mais são as escolhas em relação à realização de Psicose, como a decisão de eliminar a atriz principal no começo do filme, as filmagens de sequências chaves (como a do chuveiro) e a escolha da trilha sonora, principalmente os acordes que acompanham a morte de Marion (interpretada por Scarlett Johansson, que faz a atriz Janet Leigh).