CINEMA

A ressaca moral dos cineastas Cláudio Assis e Lírio Ferreira

Depois da confusão no Cinema do Museus, eles foram banidos de participar de eventos e exibir filmes nos cinemas da Fundaj

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 01/09/2015 às 6:00
Bobby Fabisak/JC Imagem
Depois da confusão no Cinema do Museus, eles foram banidos de participar de eventos e exibir filmes nos cinemas da Fundaj - FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A Fundação Joaquim Nabuco decidiu punir os cineastas Cláudio Assis e Lírio Ferreira pelo comportamento deles durante um debate, no sábado à noite, em torno do filme Que Horas Ela Volta?, de Anna Muylaert, no Cinema da Museu, em Casa Forte.

Na manhã dessa segunda-feira (31/8), a instituição federal, ligada ao Ministério da Educação, divulgou uma nota oficial em que chama de “lamentável” o comportamento dos cineastas e “que não permitirá qualquer evento envolvendo os dois realizadores, e suas respectivas produções, em qualquer espaço da Fundaj. A punição tem validade por um ano”.

A medida deve prejudicar o lançamento e a carreira de Big Jato, o novo longa-metragem de Cláudio Assis, que representa o Estado no Festival de Brasília, que começa no próximo dia 15. “Sinceramente, acho isso uma pena. Ele deve ser visto. Depois de pronto, o filme não é só meu, é de todo mundo”, lamentou o cineasta.

A ressaca moral e o constrangimento marcaram as palavras de Lírio Ferreira e Claudio Assis em seus pedidos de desculpas à cineasta Anna Muylaert, ao jornalista Luiz Joaquim, mediador do debate, e aos espectadores, que ficaram para participar do debate sobre o filme, um dos mais importantes da temporada.

“Fui chato e peço desculpas a Anna e ao público. Meu sentimento era ajudar a promover o filme, que eu gosto muito, mas meu excesso de carinho saiu de maneira errada”, afirmou Lírio. “Eu saí para almoçar e comecei a beber. Tive uma reunião para mostrar meu próximo filme ao DJ Dolores, que vai compor a trilha. No cinema, me atrapalhei para me explicar, meu discurso ficou muito confuso, interrompi Anna e fui vaiado.”

“Eu fiquei triste e me desculpei ainda na mesma noite”, disse Cláudio. “Foi um exagero e muita empolgação da minha parte. Sou amigo de Anna, ela é a roteirista de Piedade, meu próximo filme”, continuou, afirmando que havia bebido vinho.

Já de volta a São Paulo, Anna Muylaert também comentou a punição aos amigos e comportamento deles durante o debate. “Eu tenho uma posição dividida, como amiga e cidadã. Como amiga, acho a punição exagerada; mas, como cidadã, acho correto. Eles sempre fizeram isso, mas agora pode ser que eles se toquem, para não ficarem se achando demais”, afirmou.

Ainda abalada, a cineasta acredita que os amigos estavam demonstrando afeto e que eles também estão tristes por causa da repercussão nas redes sociais. “Foi uma atitude autoritária, mas não quero demonizá-los porque são pessoas que eu gosto muito”, explicou.

Leia a reportagem completa na edição desta terça-feira (1º/9) no Caderno C, do Jornal do Commercio. 

 

Atualização:

O que ocorreu no debate de sábado (29/8) continuou repercutindo bastante nas redes sociais durante esta segunda-feira (31/8). Às 23h18, o cineasta Claudio Assis publicou o seguinte texto em seu perfil no Facebook:

"À Anna Muylaert e a quem, desprovido de preconceitos, se interessar.

No último sábado, por excesso de contemplação, passei da conta. 

Errei e devo desculpas a Anna Muylaert. Minha amiga, parceira e roteirista do meu próximo filme, Piedade. Realizadora que, como eu, tem tentado fazer do cinema um lugar maior que uma sala de exibição. A protagonista naquele dia era ela e o palco deveria ser só dela.

Se me exaltei em um local repleto de outras pessoas que estavam ali para ver Anna e sua incrível obra, peço desculpas também ao público que estava lá e ao Cinema do Museu.

No mais, quem quiser, de forma conservadora e careta, me crucificar, assista qualquer cinco minutos de uma obra que também é de roteiristas, técnicos e atores que junto comigo são contra qualquer tipo de opressão e discriminação."

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