CINEMA

Pré-estreia de Aquarius lava a alma do público recifense

Primeira exibição do longa pernambucano lotou o Cinema São Luiz

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 21/08/2016 às 17:07
DAYVISON NUNES/JC IMAGEM
Primeira exibição do longa pernambucano lotou o Cinema São Luiz - FOTO: DAYVISON NUNES/JC IMAGEM
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Pouco mais de três meses depois da estréia mundial no Festival de Cannes, onde foi ovacionado por mais de 10 minutos, o longa-metragem pernambucano Aquarius, de Kleber Mendonça Fiho, teve na noite deste sábado (20/8), no Cinema São Luiz, sua primeira exibição brasileira. Desde o inicio da noite, uma longa fila já contornova o majestoso cinema - , da esquina da Rua da Aurora com a Avenida Conde da Boa Vista até todo o quarteirão.

A chegada da atriz Sonia Braga, um dos maiores mitos do cinema nacional, deixou a multidão de espectadores - metade convidada da produção, metade gente que comprou ingressos - ainda mais excitada com a sessão. O São Luiz, que desde a década de 1950 acompanha a vida cultural do Recife, teve outra noite gloriosa. Praticamente toda a equipe técnica e o grande elenco do filme estavam presente. Maeve Jinkings foi uma das presenças mais requisitadas, ao lado de Sonia, para tirar selfies com o público. 

O cineasta Kleber Mendonça Filho era um dos mais emocionados. Ela estava acompanhada da mulher, a produtora Emilie Lesclaux, e do filhos gêmeos Tomás e Martin. Foi no São Luiz foi que Kleber viu seu primeiro filme, um festival de curtas-metragens de Tom & Jerry, no início da década de 1970. "Não me esqueço de ter ficado aqui no hall, esperando minha mãe que foi ao banheiro. Tudo é igual, a única coisa que mudou foi a ordenação das poltronas", relembrou o cineasta. "A sensação é de estar em casa. E com isso vem tambem um desejo de agradar mais do que o normal, como se a responsabilidade fosse maior, embora o filme seja o mesmo que já passou em outros lugares".

As quase mil poltronas do São Luiz ficaram totalmente tomadas. Antes do filme começar, Kleber pediu que cada um dos colaboradores de Aquarius se apresentasse e dissesse sua função. No final, ele mais do que agradecer a cada um, se dirigiu à plateia. "O motivo que chamei todo mundo aqui pra frente é que há um pensamento problemático e perigoso que é criminalizar o artista. A gente deve ficar de olho porque isso não é coisa do país que a gente está vivendo. Artista não é criminoso, a gente faz um trabalho honesto e sério", afirmou.

O início da sessão coincidiu com a conquista da medalha olímpica no futebol. Ainda nos créditos de abertura, alguém gritou na plateia: "O ouro é do Brasil". Durante a projeção, a plateia acompanhou vidrada a história da crítica de música aposentada Clara (Sonia Braga) e sua luta para fazer valer o seu direito de permanecer vivendo no apartamento do pequeno Edifício Aquarius, na Avenida Boa Viagem. Ela enfrenta tanto o ceticismo dos filhos, quanto a ameaça suprema de uma construtOra que se acha dona do prédio e pretende erigir em seu lugar um espigão, como tantos outros da orla da Zona Sul recifense.

Pelo menos três vezes o filme fui aplaudido em cena aberta. A plateia se divertiu e se emocianou com as canções da trilha sonora e as atitudes fortes de Clara. No final da projeção, os aplausos se estenderam pela apresentação dos créditos finais. A festa de Aquarius continuou madrugada adentro num encontro para convidados no bairro do Pina, nas proximidades da área onde aconteceram as filmagens. Aquarius estreia no circuito brasileiro de cinemas no dia 1º de setembro.

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