Entre Irmãs, filme de Breno Silveira, chega aos cinemas

Adaptado de um livro da pernambucana Francis de Fontes Peebles, o longa-metragem estreia nesta quinta-feira (12/10)
Ernesto Barros
Publicado em 11/10/2017 às 5:48
Adaptado de um livro da pernambucana Francis de Fontes Peebles, o longa-metragem estreia nesta quinta-feira (12/10) Foto: Dan Behr/Divulgação


Neto de pernambucanos, o cineasta Breno Silveira – nascido em Brasília há 53 anos e morador do Rio – tem uma paixão especial pelos personagens nordestinos. Depois do biográfico Gonzaga: De Para pra Filho, sobre a relação entre Luiz Gonzaga e o filho Gonzaguinha, ele queria contar a história de Maria Bonita, a mulher do cangaceiro Lampião. “O historiador Frederico Pernambucano de Melo me disse que tinha muito pouco sobre Maria Bonita e o que tinha não dava para fazer um filme”, confidencia o cineasta, durante uma conversa no Recife, na semana retrasada, quando esteve com quase toda a equipe de Entre Irmãs, seu novo longa-metragem, para uma sessão especial no Cinema São Luiz. O filme estreia nesta quinta-feira (10/10) em circuito nacional.

Embora não tenha feito o filme que sonhava fazer, Breno acabou sendo surpreendido pelo destino e deu um jeito de contar a história de outra cangaceira, uma das heroínas do romance A Costureira e o Cangaceiro (agora rebatizado de Entre Irmãs, numa nova edição da editora Arqueiro), escrito pela pernambucana Francis de Pontes Peebles. De quebra, Entre Irmãs conta história de duas irmãs, Luzia e Emília. Isso deu ao cineasta o combustível que ele sempre procura para turbinar seus filmes: histórias familiares que envolvem pais e filhos, irmãos e irmãs. “Além disso, gosto muito de falar da nossa cultura. Todos os meus filmes representam, de certa, o Brasil. Eu gosto de falar sobre a gente. Não tem nada melhor do que a gente se ver”, aponta Breno.

Foi uma amiga do cineasta quem falou para ele do romance escrito por Francis, que nasceu em Taquaritinga do Norte, no Sertão do Estado, e vive nos Estados Unidos. Apesar do acordo feito para a compra dos direitos de adaptação, Francis, Breno e a roteirista Patrícia Andrade, que escreveu o roteiro a partir de um calhamaço de 700 páginas, ainda não se conheciam. A primeira vez que se viram foi durante o encontro com os jornalistas num hotel da Zona Sul do Recife.

“Essa história estava dentro de mim desde criança, mas eu não sabia contá-la. Só depois de fazer um curso e ganhar uma bolsa de pesquisa é que voltei para o Brasil, num processo que demorou seis anos para escrever o livro. Eu fui criada com as histórias do cangaço, mas sempre senti a falta das mulheres. Minha avó Luzia e minha tia-avó Emília não foram cangaceiras, mas costureiras, nascida em Sapé, na Paraíba, e criadas em Taquaritinga”, explica a escritora.

CANGAÇO

A invenção da história das duas irmãs, separadas pelas mãos do cangaceiro Carcará, é contada em tintas épicas, mas também intimistas. Do Sertão ao litoral (Recife), as irmãs Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano) são jogadas no olho do furacão depois que a primeira é raptada por Carcará (Julio Machado, de Joaquim) e a outra casa, vindo morar na Capital. “Que pena que não tenha mais filmes com mulheres como essas. Apesar de passar nos anos 1930, a história é muito atual”, acredita Nanda.

“Contemporaneamente, me interessava muito refletir sobre a possibilidade do amor nascer como uma flor de lótus – não do lodo, como é a imagem original – mas do chão seco do nosso Sertão. Foi muito prazeroso encontrar uma perspectiva maior para dar conta da figura icônica de um cangaceiro”, pontua Julio.

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