Atriz Heather Kerr conta detalhes da agressão sexual de Weinstein

Enquanto chorava, sua advogada, Gloria Allred declarou: 'Harvey, você, e os outros como você, estão acabados. As mulheres não voltarão a aceitar isso'
AFP
Publicado em 21/10/2017 às 14:55
Enquanto chorava, sua advogada, Gloria Allred declarou: 'Harvey, você, e os outros como você, estão acabados. As mulheres não voltarão a aceitar isso' Foto: (Foto: Divulgação)


Mais uma mulher veio a público nesta sexta-feira (20) contar detalhes da agressão sexual que teria sofrido por parte do produtor de cinema Harvey Weinstein, enquanto o advogado de outra vítima, uma atriz italiana, relatou a violência contra sua cliente.

Durante um encontro para falar de sua nascente carreira de atriz, interrompida pouco depois da interação com o produtor, a atriz Heather Kerr contou, aos prantos, que Weinstein "pegou sua mão e a obrigou a pô-la sobre seu pênis".

"Assim funcionam as coisas em Hollywood", desabafou.

Enquanto chorava, sua advogada, Gloria Allred, consolou-a, declarando: "Harvey, você, e os outros como você, estão acabados. As mulheres não voltarão a aceitar isso".

O advogado David Ring também deu uma entrevista coletiva para apresentar as acusações de sua cliente, uma modelo e atriz italiana de 38 anos, mãe de família, que pediu para não ter sua identidade revelada. Ela acusa Weinstein de tê-la estuprado em um quarto de hotel em Los Angeles em 2013.

Segundo ele, sua cliente coopera plenamente com a investigação criminal da Polícia de Los Angeles.

"Minha cliente agradece a todas as corajosas mulheres que finalmente vieram à luz e expuseram Weinstein", disse Ring.

"O que aconteceu com ela foi horrível", afirmou Ring, acrescentando que "seu maior lamento foi ter aberto essa porta", porque a agressão que se seguiu teve "um impacto dramático em sua vida".

A modelo italiana de 38 anos contou ao jornal "Los Angeles Times" que o incidente aconteceu depois de participar de um festival de cinema, moda e arte italiana em 2013. Weinstein ligou para ela do lobby, pedindo autorização para subir e, embora ela tenha negado, em poucos minutos tocava sua porta.

"Forçou sua entrada no meu quarto de hotel, dizendo 'não vou [fazer sexo] com você, quero apenas falar'. Daqui a pouco, ficou muito agressivo, exigindo e pedindo que eu tirasse a roupa".

"Me agarrou pelos cabelos e me forçou a fazer algo que não queria fazer. Depois me arrastou pelo banheiro e me violentou. Todos esses anos me perguntei por que não chamei a Polícia imediatamente", desabafou.

"Não tinha qualquer aspiração de me tornar atriz nos Estados Unidos", completou Ring.

A Polícia de Los Angeles confirmou ontem que há uma investigação aberta sobre o produtor, acusado de assédio, agressão sexual e estupro por mais de 40 mulheres. Entre elas, estão as atrizes Mira Sorvino, Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Ashley Judd, Léa Seydoux e Lupita Nyong'o.

'Predador'

Este é o sexto caso de estupro, após as denúncias feitas pelas atrizes Rose McGowan, Asia Argento e pela ex-atriz Lucia Evans. Outras duas investigações estão em andamento em Londres e Nova York.

O magnata hollywoodiano, que renunciou nesta semana ao cargo no conselho administrativo da produtora fundada com o irmão em 2005, após ter sido demitido da presidência, nega todas as acusações.

No último fim de semana, foi expulso da Academia de Cinema dos Estados Unidos, e a Academia britânica de Cinema e o Sindicato de Produtores de Hollywood anunciaram que farão uma votação por sua expulsão.

Na quinta-feira, o cineasta americano Quentin Tarantino, que deve grande parte de sua carreira a Weinstein, admitiu que sabia de seu comportamento.

"Sabia o suficiente para ter feito mais do que eu fiz", disse ao jornal "The New York Times".

Em uma carta aberta publicada pela imprensa americana, os funcionários da Weinstein Company afirmaram, nesta sexta, que sabiam que trabalhavam com uma personalidade "de temperamento notoriamente" inflamável, mas que não sabiam que era "um predador sexual".

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