Mais do que qualquer outro grande festival - Cannes, Toronto ou Veneza -, Berlim tem sido o mais receptivo com o cinema brasileiro. Este ano, a 69.ª Berlinale começa dia 7 e vai até 17. Nesse período, Berlim acolhe 11 filmes brasileiros, incluindo Marighella, de Wagner Moura, na Wettwetraub/Competição, e Rise, da dupla Bárbara Wagner/Benjamim de Burca nos Berlinale Shorts. Os demais nove títulos distribuem-se pelas mostras Panorama, Forum e Geração.
Wagner já brilhou como ator no Festival de Cinema de Berlim e volta agora como diretor, com um filme importante e, de certa forma, um óvni no Brasil atual que ainda se adapta aos novos tempos do governo de Jair Bolsonaro. "Berlim é, de longe, o meu festival preferido. Estive lá três vezes, sendo que, em umas dela - com Tropa de Elite, de José Padilha, em 2008 -, saímos com o Urso de Ouro. Fiquei muito feliz com a forma como eles receberam meu primeiro filme, colocando-o na mostra principal. Berlim é, de todos os festivais, o mais político. Faz todo sentido que Marighella estreie lá", disse ele, em material divulgado pela assessoria de imprensa.
A gala será na sexta, 15. Na quinta, 14, haverá a primeira exibição para a imprensa de todo o mundo. O filme conta a história dos últimos anos de Carlos Marighella, guerrilheiro que liderou um movimento de resistência contra a ditadura militar. Na ficção de Wagner, Marighella e seus guerrilheiros são perseguidos pelo policial Lúcio, que o rotula como inimigo público número um. Emboscado, é morto, mas seus seguidores não desistem da luta e prosseguem na via da revolução.
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Uma obra de resistência? "Marighella joga luz sobre um dos personagens mais fascinantes da história do Brasil", avalia o diretor. "É um filme de ação para jovens e adultos, amparado numa visão fílmica absolutamente brasileira e que, acima de tudo, pretende respeitar a sensibilidade e inteligência do público." E Seu Jorge, que interpreta o líder guerrilheiro: "Marighella é um filme que fala da eterna luta pela liberdade e pelo progresso, e das lutas em geral do povo brasileiro".
Marcelo Gomes considera uma alegria muito especial participar do Panorama, que completa 40 anos em 2019. "É a segunda vez que participo dessa seção do festival, a que mais sinaliza, historicamente, para obras que se preocupam com novas explorações da linguagem cinematográfica." Será sua terceira vez em Berlim, e ele destaca que é o evento de cinema que mais se debruça sobre os temas filosóficos e políticos do mundo contemporâneo. "Poder inserir questões relativas a fraturas sociais do Brasil nessa verdadeira Olimpíada cultural é muito estimulante."
Greta, de Armando Praça, com Marco Nanini, também está no Panorama. O filme atualiza o tema gay da peça de Fernando Melo, Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá, que tantos problemas teve com a censura do regime militar. Na época, as cenas homoafetivas sofreram cortes rigorosos. A nova versão segue abordando a solidão gay das metrópoles.
Autor de um dos melhores filmes brasileiros recentes (Boi Neon, em 2017), Gabriel Mascaro prossegue com Divino Amor sua investigação sobre os sentimentos num mundo em transformação. Agora, questiona a religiosidade por meio de tabeliã evangélica, interpretada por Dira Paes, que considera sua missão reaproximar os casais em fase de separação. A situação se complica quando a (in)fidelidade deixa de ser uma questão distante e atinge seu próprio casamento.
Filmes brasileiros no Festival de Berlim 2019:
Marighella - Os últimos anos do líder guerrilheiro contra a ditadura
Divino Amor - Dira Paes interpreta a mulher evangélica que assume como missão divina reaproximar casais em crise
Estou me Guardando para Quando o Carnaval Chegar - Habitantes de um polo têxtil trabalham duro durante o ano para festejar no carnaval
Greta - Marco Nanini e a revisão da peça Greta Garbo, Quem Diria, Foi Parar no Irajá
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Rise - Curta-metragem sobre o empoderamento de jovens excluídos por meio da música