Uma conquista dos professores das redes de ensino municipal e estadual de Sergipe, em 2008, reconstituída pelo longa-metragem de ficção Abraço, que concorre ao prêmio Calunga de Ouro de Melhor Filme, levantou os ânimos da plateia do Cinema São Luiz, na noite da última terça-feira (30/7). O filme abriu a Mostra Competitiva de Longas-metragens da 23ª edição do Cine PE – Festival do Audiovisual.
Correr para o abraço é quando você ganha um jogo e vai para o meio da torcida. É o gosto da vitória, depois de um grande embate na Justiça, que o primeiro filme de ficção do baiano DF Fiuza deixa na boca do público. A bem da verdade, todo mundo já sabe como o filme vai acabar, mas a trajetória do coletivo de professores e de alguns personagens mais presentes é tocante em todos os sentidos.
A partir de um roteiro de estrutura conhecida, que deixa em suspenso uma notícia capital para o futuro de mais de 30 mil professores da educação básica de Sergipe, o filme retroage para mostrar como eles se uniram de ponta a ponta do Estado, numa luta em que enfrentaram o governo e o judiciário. Os professores lutavam para valorizar a profissão e o direito a um plano de carreira. Estavam ameaçados, inclusive, de perderem até 70% dos salários.
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Embora seja um filme coral, com muitos personagens tendo vez e voz, DF Fiuza, também autor do roteiro, foi feliz em colocar uma professora como um leve fio condutor da narrativa. Moradora de Itabaiana, Ana Rosa (Giuliana Maria) é professora, dona de casa e sindicalista. Além da luta pela profissão, ela ainda tem que enfrentar o machismo do marido Heleno (Paulo Roque), que não aceita ela fora do casa, sem dispensar cuidados para ele e o casal de filhos.
Por sinal, o filme é pródigo em apontar o machismo como um problema social sério, disseminado em vários tipos de relações, principalmente quando as mulheres demandam igualdade. A união e o fortalecimento das classes trabalhadoras é certamente a mensagem principal de Abraço. A presença carismática do ator gaúcho Flávio Bauraqui, que interpreta o professor Jorge, o presidente do sindicato, faz com que o espectador nem perceba o amadorismo do elenco de não-atores.
Para confirmar, como se precisasse, que se trata mesmo de um filme engajado, os professores do filme não se cansam de cantar Pra Dizer que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré.
CURTAS
A seleção da noite de abertura das Mostras de Curtas Pernambucanos e Curtas Nacionais foi das mais felizes graças aos personagens que apareceram nos filmes. As três lavradoras do MST do curta pernambucano Mulheres de Fogo, de Vinícius Meirelles, cativaram o público com suas histórias de vida, principalmente Maria Pernambuco e sua ojeriza pela cidade grande.
As sambistas do curta carioca #Procuram-se Mulheres, de Rozzi Brasil, mostram como se luta contra o machismo e a invisibilidade nas escolas de samba do Rio, num filme cheio de charme e sororidade.
O alto astral do curta pernambucano Carrero, o Áspero Amável, de Luci Alcântara, que concorre na Mostra Nacional, revelou um lado do escritor salgueirense que pouca gente conhece. As tiradas sarcásticas de Carrero arrancaram gargalhadas homéricas dos espectadores.
Mais econômico do que deveria, o curta pernambucano Pisciano, de Alexandre Pitanga, deixou um gostinho de quero mais ao mostrar o quase encontro de dois rapazes num ônibus.
DESTAQUES DESTA QUINTA-FEIRA
A produção carioca Um Oitenta e Seis Avos, de Felipe Leibold, é a atração desta noite na Mostra de Longas-Metragens. O filme tem no elenco Débora Duarte, Talita Feuser e Luiza Lamoglia. Na história, uma mulher cansada da rotina descobre que seus órgãos estão sumindo. Mistério e terror dominam a estreia de Coleção, de André Pinto e Henrique Spencer, na Mostra de Curtas Pernambucanos. O filme faz farte da série de TV Fãtásticos, que está em pós-produção.
PROGRAMAÇÃO
Quinta, 1º/8
Hora: 19:30 h Local: Cinema São Luiz
Acesso: Gratuito com retirada de ingresso na bilheteria do cinema
Mostra Competitiva de Curata-metrages Pernambucanos
Coleção, de André Pinto e Henrique Spencer (Fic)
Mostra Competitiva de Curtas-metragens Nacionais
Guará, de Fabricio Cordeiro e Luciano Evangelista (GO, Fic)
Casa Cheia, de Carlos Nigro (PE, Fic)
Vinnilis Frutiferis, de Victorhugo Passabon Amorim (ES, Fic)
Só Sei Que Foi Assim, de Giovanna Muzel (SC, Ani)
Mostra Competitiva de Longas-metragens
Um e Oitenta e Seis Avos, de Felipe Leibold (SP, Fic)