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'História de um Casamento' é aposta da Netflix para Oscar 2020

Filme está disponível no catálogo da Netflix, sendo um dos mais bem cotados para a temporada de premiação. Confira a crítica

João Rêgo
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João Rêgo
Publicado em 02/01/2020 às 16:39
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Filme está disponível no catálogo da Netflix, sendo um dos mais bem cotados para a temporada de premiação. Confira a crítica - FOTO: Reprodução
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Líder em indicações nas premiações do Globo de Ouro deste ano, e grande aposta da Netflix ao Oscar, o melodrama História de um Casamento já está disponível no catálogo da plataforma. Dirigido pelo norte-americano Noah Baumbach, o filme mergulha no complexo processo de divórcio de um casal vivido pelos astros Scarlett Johansson e Adam Driver, além da relação com o seu filho pequeno de nove anos. O elenco ainda conta com nomes como Ray Liotta e Laura Dern, ambos interpretando advogados envolvidos no caso.

Melodrama em moldes mais tradicionais, o filme soa como uma adaptação das dinâmicas de direção de Baumbach a um modelo mais palpável a premiações (as atuações menos contidas são um bom exemplo). Responsável por filmes como Frances Ha e A Lula e a Baleia, a cinematografia do cineasta conversa com os confins da vida privada norte-americana; família, vida adulta e relações amorosas (há quem o acuse, por exemplo, de reter-se a filmar os chamados “white people problems”).

Nos seus filmes, todo texto sempre é habilmente conciliado com a imagem – o que em História de um Casamento é muito bem executado. A fotografia com ares de nostalgia nunca se transforma em um artifício, acompanhando sempre toda interessante construção dramática do longa.

Sem substância

O problema de História de Um Casamento talvez seja não ir mais adiante. Baumbach está lidando com uma substância – cinematográfica – que vai além de bons enquadramentos e longo plano-sequências bem encenados. O amor, e o desamor, entre o casal cai no excesso de literatura. É uma limitação que parece fugir das dinâmicas do próprio filme, que nunca parece interessado em contar esmiuçadamente tudo o que levou ao divórcio (motor inicial do filme e do que se desenrola durante suas duas horas).

Em contradição a isso, todo funcionamento dramático do longa só parece andar sobre o que é expositivo. Desde a judicialização do romance nos processos do divórcio (parte boa do filme onde Ray Liotta e Laura Dern estão fantásticos), até os embates regados a choros, planos-sequências e confissões.

As tensões dramáticas não buscam um silêncio sugestivo, muito menos metáforas imagéticas ou uma fisicalidade gestual potente. O atestado disso talvez seja a transformação em “meme” de uma das cenas em que Adam Driver explode de raiva socando uma parede.

Não há espaço para o gesto como catarse cinematográfica, por mais que Baumbach o atice (a última cena até é uma tentativa). No final, tudo parece ressoar nos conformes para algo que sempre buscou ser mais complexo.

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