Plástico, metal, papel, embalagens, objetos quebrados ou inutilizados que se transformam graças à criatividade de artesãos dedicados exclusivamente a reutilizar e, assim, conceber algo com um novo significado. Imagine um liquidificador que vira luminária e um guarda-chuva que se transforma em roupa! Pela sustentabilidade, curiosidade e apelo à reflexão que desperta, a Galeria de Reciclados é um dos espaços fixos da Fenearte que há nove anos busca incentivar a criação a partir da distribuição de prêmios para os três primeiros lugares.
O grande vencedor foi um peixe com escamas feitas com moedas de R$ 1, chamada “TraspoCisã o” ou fazendo olho de peixe morto, assinada pelo mestre Wagner Porto, de Garanhuns. “A obra reflete o dinheiro como algo descartável”, revela o designer Ticiano Arraes, coordenador da galeria. De autoria de Milton Araújo, O Cortiço é uma peça toda feita com cortiça, que chama atenção pela riqueza de detalhes e de personagens. “É esteticamente muito bonita”, resume Ticiano.
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E o terceiro lugar ficou com o liquidificador-luminária, batizado de Ilumidificador pelo autor Emerson Melo. “É uma peça de fácil construção e de apelo muito forte do ponto de vista da invenção. Basta uma lâmpada e um fio. Construir algo novo com o que já existe fazendo apenas uma reconfiguração é o grande desafio da reutilização. Não adianta usar muita coisa senão o impacto ambiental pode ser maior do que se a peça objeto da reciclagem fosse parar no lixo”, analisa Ticiano.
Outro espaço que incentiva novos nomes com premiação é o Salão de Arte Popular Ana Holanda, que expõe 50 trabalhos, dos quais três premiados. Nesta edição, o primeiro lugar ficou com a obra Colheita de Coco, do artista Roberto Vital, de Igarassu; o segundo lugar foi para a obra Forró Pesado, de Marcos de Sertânia; e em terceiro ficou a peça Morro das Cabras, da artista Simone de Souza do município de Buíque. As demais obras selecionadaspela curadoria da Fenearte estarão expostas e à venda.
“Roberto tem um trabalho muito precioso na concepção do tema e no trabalho com a madeira. As peças dele são grandiosas, com detalhes vazados, entalhados em policromia, um trabalho com proporções que retrata cenas do cotidiano ao ar livre”, descreve Carlos Augusto.
Marcos de Sertânia acertou no Forró Pesado e expressivo. “Cada personagem exibe um movimento diferente, de acordo com o instrumento que toca”, descreve o arquiteto. Já Simone Souza chama atenção pelo tratamento que dá à madeira. “Há um movimento. Não é uma composição muito acadêmica”, justifica o arquiteto, curador da mostra.