O Grande Gonzalez, série do Porta dos Fundos para TV, teve logística complexa

Luis Lobianco precisou de fôlego e treino para atuar nos cerca de 40 segundos em que seu personagem, um ilusionista, fica submerso

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Luis Lobianco precisou de fôlego e treino para atuar nos cerca de 40 segundos em que seu personagem, um ilusionista, fica submerso - FOTO: Fox/Divulgação

Em vez de um longo texto, na cena mais importante de Luis Lobianco em O Grande Gonzalez, série inédita do Porta dos Fundos que a FOX a partir de segunda-feira (1º/10), às 22 horas, só saem bolhas de ar da boca do ator. Na atração, que mistura trama policial com humor, ele é um ilusionista que morre afogado durante um número de mágica diante de crianças em uma festa infantil. A partir daí, os suspeitos de terem sabotado o truque, presentes no evento, são investigados ao longo de dez episódios, no ar de segunda a sexta.

Para rodar a sequência da morte, o humorista passou oito horas entrando e saindo de uma caixa de acrílico com 2 mil litros de água aquecida, construída sob encomenda para o programa. "Estava quentinha. Como por dentro da roupa estou cheio de pesos para afundar, é melhor ficar na água porque neutraliza", conta Lobianco, minutos depois de ser içado por cabos de aço e receber toalhas para se secar e poder almoçar em uma mansão no meio da Floresta da Tijuca, no Rio, onde o set foi montado.

O artista precisou de fôlego e treino para atuar nos cerca de 40 segundos que passa submerso, tentando se livrar de uma armadilha, enquanto se debate no vidro. "Arde um pouquinho o olho. Lá dentro não dá para ver nem ouvir nada. A gente fez uma simulação antes. Há uma equipe de bombeiros, que me deixa super seguro. Nadei por 16 anos, tenho alguma intimidade com a água", explica.

Apesar de deixar as crianças cara a cara com a morte, a equipe não precisou tratar da questão com os atores mirins. "Na hora em que ele morre, só escutei risos", garante Ian SBF, criador, diretor e um dos roteiristas da série, que dividiu o texto com Gregório Duvivier e Gabriel Esteves. "Elas veem coisas muito piores por aí", brinca Lobianco.

Com problemas com quase todos os personagens, Gonzalez tem motivos de sobra para ser alvo de uma vingança. O protagonista trai Vanessa (Thati Lopes), a assistente de palco, com quem tem um caso, e não paga a taxa que o palhaço Pirocadete (Fabio Porchat) cobra dos artistas que trabalham nas festas infantis. Além disso, está na mira de Gerardi (Gregório Duvivier), um ilusionista esquisitão e decadente, seu maior rival.

Entre as confusões está um affair com Rebeca (Clarice Falcão), madrasta ninfomaníaca do aniversariante, com quem Gonzalez se envolve. "Ela transou com ele durante a festa e ele filmou", adianta a atriz, que faz os trejeitos da personagem ao descrever o vício dela. "Eu pego todos (os homens da série)", diverte-se.

A cada episódio, a dupla de policiais vivida por Antonio Tabet e João Vicente de Castro investiga os suspeitos e faz graça com séries do gênero. "Tem a delegacia, os depoimentos. É uma produção que tem muita coisa engraçada, mas não é só piada. Tem a brincadeira do mistério", analisa SBF. O título da atração é uma homenagem ao pai de Tereza Gonzalez, produtora executiva da série, filha de um imigrante espanhol que foi assistente de mágico no Brasil.

O diretor diz que a equipe do Porta dos Fundos, acostumada aos esquetes e às séries curtas para a internet, sentiu diferença ao rodar uma trama mais extensa. "Às vezes, sinto que isso é complicado para a gente. Uma cena não é tão engraçada, mas faz sentido no programa de meia hora. Se faço um vídeo de dois minutos, sei na hora que deu certo. Aqui, só vou saber meses depois. Quando a gente faz uma cena que não tem sentido, os atores do Porta sentem que não valeu", aponta. "Eu não. Mas eu entendo", interrompe Lobianco: "A gente sempre quer plateia. Se a equipe ri, você fica seguro. Uma cena que não tem piada, pode ser a melhor do mundo, mas você fica inseguro."

Diferentemente do restante do conteúdo do Porta dos Fundos, que pode ser acessado via internet a qualquer momento, O Grande Gonzalez é a primeira produção do grupo que estreia com hora marcada na TV. "Vai passar no YouTube depois. As pessoas acham que a gente é contra a TV. Muito pelo contrário. A gente não é contra o formato de televisão. A gente já quis fazer um programa na FOX e não rolou", revela SBF.

Segundo ele, o fato de as produções também serem exibidas na TV não diminuiu o número de acessos na rede. "A popularidade cresceu entre pessoas que não consomem tanto a internet. Mas acho que o futuro é outro, um formato como Netflix", avalia ele, sócio-fundador do Porta, que não vê o site norte-americano como concorrente. "Somos um canal, mas nos consideramos produtores de conteúdo. Preferimos exibir as nossas coisas, às vezes. Porém, a gente faz as duas coisas."

Pouco depois da estreia da série na FOX, nesta segunda, o 2º episódio já estará disponível na FOX Play, plataforma de vídeo sob demanda da programadora. Segundo Zico Góes, diretor responsável pelas produções nacionais da FOX, a antecipação de cada capítulo pela web só não valerá para o episódio de estreia, exibido antes pela própria TV. 

Hoje, além dos vídeos de humor, o Porta dos Fundos tem divisões de conteúdo para a internet e produção de cinema. O primeiro filme do grupo, Contrato Vitalício, será rodado em janeiro. No teatro, os humoristas têm rodado o País com espetáculo Portátil, em que improvisam uma peça de mais de uma hora baseada em depoimentos de anônimos da plateia.

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