Débora Falabella critica o retrocesso na sociedade brasileira

No ar em 'Nada Será Como Antes', atriz fala sobre a construção da trama e a abordagem sobre temas ainda atuais

Estevam Avellar/TV Globo
No ar em 'Nada Será Como Antes', atriz fala sobre a construção da trama e a abordagem sobre temas ainda atuais - FOTO: Estevam Avellar/TV Globo

Débora Falabella tem orgulho de poder contar um pouco sobre o surgimento da tevê no Brasil em Nada Será Como Antes, que é exibida às terças-feiras, após a novela A Lei do Amor, na TV Globo. Embora com muitas licenças, a série explora essa época, mostrando as transformações que o período trouxe para a sociedade. E, na pele da também atriz Verônica, que é a primeira estrela da fictícia TV Guanabara, ela enfrenta o preconceito por ser mãe solteira, após se separar de Saulo (Murilo Benício).

"Essa série é muito linda porque mostra a nossa história. Sou eu como atriz falando da televisão. Então, tem muitas coisas que acontecem dentro da outra. Eu me via num estúdio de tevê de 1950, que na verdade estava na Globo e, por uma grande coincidência, fazendo um trabalho com o meu namorado, que também é meu par. Esse projeto tem um envolvimento afetivo muito grande", diz Débora.

A ligação emocional de Débora com Nada Será Como Antes vai além. Para ela, a série é também uma forma de homenagear o pai, Rogério Falabella, que foi ator nos anos 1950 na TV Itacolomi, que era uma afiliada da TV Tupi em Belo Horizonte. Por conta disso, a atriz teve uma referência muito próxima para saber como era trabalhar na televisão em seus primórdios, quando as transmissões das novelas eram ao vivo. 

"Quando meu pai ficou sabendo que eu ia fazer a série, ele me contou algumas histórias. Principalmente, sobre os improvisos. Quando a cena dá errado porque o ator esquece um objeto de cena e então têm que improvisar. Eles faziam um teleteatro que era baseado em peças teatrais. Então, precisavam decorar muito rapidamente pra uma apresentação que não seria gravada", revela

Na série, a atriz contracena com Murilo Benício, que se tornou seu namorado após eles trabalharem juntos em Avenida Brasil (2012). Para Débora, a parceria fora de cena facilitou o processo de preparação para os personagens em Nada Será Como Antes

"A gente leva trabalho pra casa no melhor dos sentidos, porque adoramos falar dos personagens. Já chegávamos ao set com o texto meio ensaiado. Nos conhecemos no trabalho, sempre nos demos bem assim e compartilhamos a mesma paixão pela profissão", conta Débora.

FEMINISMO

Embora separados na trama, Saulo e Verônica continuam apaixonados um pelo outro. A história de amor entre os dois acabou quando o dono da TV Guanabara descobriu que é estéril e, por saber do desejo da esposa de ser mãe, preferiu terminar o casamento sem contar a verdade. Enganada, a atriz pensa que o ex-marido a largou por não a amar mais. Então, acaba engravidando de outro, sendo mãe solteira e enfrentando a sociedade para cuidar de seu filho. 

"A Verônica tem uma questão feminina que é muito importante, numa época que isso nem era tão falado e as mulheres sofriam muito preconceito. Ela é uma feminista nos anos 1950. Conquistamos muitas coisas, mas acho que a maneira como olham a mulher ainda é muito diferente. A gente precisa reverter isso", afirma. 

Débora acredita que ainda existem muitos preconceitos e que, em alguns aspectos, a sociedade está andando para trás. Com a desigualdade no mercado de trabalho entre homens e mulheres como uma dessas diferenças, em que a maternidade é vista com maus olhos. Por isso, a atriz pensa que todos deveriam se posicionar

"A gente precisa continuar lutando para avançar. Mas existe uma corrente que está fazendo com que a gente retroceda", lamenta ela.

Últimas notícias