A série documental Por que escravidão? estreou esta semana no Brasil, com exibição pela TV Escola e o canal Futura. Os seis episódios da produção mostram histórias de adultos e crianças escravizadas em diversas partes do mundo. No primeiro deles, o espectador conhece Mary Kibwana. Ela é uma das milhares de mulheres que passaram por vários tipos de violência enquanto tentavam sobreviver trabalhando como ajudantes domésticas na Jordânia.
Intitulado Empregada no Inferno (Maid in Hell) o episódio de estreia será reprisado pela TV Escola no sábado (20/10), às 23h, e pelo canal Futura no domingo (21/10), às 18h30. A equipe do documentário mostra que 2,8 milhões de mulheres são submetidas ao Sistema Kafala, legalizado no Catar e disseminado em países do Oriente Médio.
Com a promessa de emprego, muitas são levadas para outros países e têm seus passaportes retidos pelos empregadores. Rotinas de 18 horas de trabalho, humilhação, tortura, assédio e estupro fazem parte dos relatos.
Mãe de quatro filhos, Mary Kibwana conseguiu voltar para casa, mas estava em uma cadeira de rodas, com 70% do corpo queimado, e faleceu dois meses depois.
A série Por que escravidão?, uma iniciativa da emissora pública inglesa BBC com a The Why Foundation, é lançada mundialmente hoje e conta com mais de 70 exibidores, distribuídos por 191 países.
No Brasil, onde a abolição da escravatura foi assinada apenas em 1888, muitas pessoas ainda são escravizadas e outras são forçadas à trabalhar em condições análogas à escravidão. Os realizadores da série registram que há mais de 40 milhões de pessoas escravizadas no mundo e que uma em cada três vítimas deste crime é criança.
Na quinta-feira (18/10), o Ministério do Trabalho que foram encontrados no País 1.246 trabalhadores em condições análogas às de escravo de janeiro à primeira quinzena de outubro de 2018.
No campo foram registrados 377 casos e, no meio urbano, 869. As atividades com mais casos de trabalho escravo segundo o Ministério são a criação de bovinos, o cultivo de café e o plantio de florestas.
Durante as operações foram formalizados 651 trabalhadores, emitidas 601 guias de seguro-desemprego e pagos R$ 1,7 milhão em verbas rescisórias aos resgatados, de acordo com o relatório divulgado pelo Ministério do Trabalho.
Minas Gerais lidera o ranking dos estados com o maior número de trabalhadores em situação análoga à de escravidão, são 754 até agora. Em seguida aparecem o Pará, com 129, e o Mato Grosso, com 128.
As denúncias de trabalho análogo ao de escravo podem ser feitas nas unidades do Ministério do Trabalho distribuídas pelo país e também pelo Disque Direitos Humanos (Disque 100).