Geraldo Freire sobre Graça Araújo: 'Ela está com a gente todo dia'

Radialista e amigo de longa data de Graça Araújo, Geraldo Freire falou a relação dos dois. Confira a entrevista

Foto: Arquivo/Rádio Jornal
Radialista e amigo de longa data de Graça Araújo, Geraldo Freire falou a relação dos dois. Confira a entrevista - FOTO: Foto: Arquivo/Rádio Jornal

Um dos grandes amigos de Graça Araújo, o radialista Geraldo Freire falou sobre aquela tanto esteve em seu convívio. Eles trabalharam juntos por mais de duas décadas na Rádio e TV Jornal. Um ano após a morte da jornalista, ele é taxativo: "ela está com a gente todo dia". Confira a entrevista concedida à repórter Adriana Victor.

>>> Um ano sem Graça Araújo, jornalista que ampliava o significado da profissão

ÚLTIMO DESABAFO

Três meses antes da partida dela, Graça se sentou na minha frente e disse: “Geraldo, tudo resolvido. Estou com previdência privada, um patrimônio razoável – construído, como você sabe, com muito trabalho. A partir de agora, não vou viver pra trabalhar. Vou seguir trabalhando, mas a minha vida vai ser vivida com toda a tranquilidade do mundo, conquistei condições para que seja assim.” E isso, talvez, foi o que mais me doeu no processo da morte dela.

AUSÊNCIA

Assusta saber que faz um ano que ela se foi. A gente fala muito nela, chora. Achava que essa dor ia se dissipando aos poucos, diminuindo – acabando não pode. Mas o danado é que, cada vez mais, a gente vai se lembrando de Graça. Ela está com a gente todo dia.

RAÇA E CORAGEM

Graça se preocupava com todo mundo. Quantas vezes chorou na minha frente pelos problemas dos outros? Pelos dela nem chorava. Era de uma raça, tinha uma disposição pra ajudar os outros… E tinha coragem pra tudo.

DINHEIRO

Ela dizia: “não tenho nenhum interesse em ter dinheiro pra guardar, pra ter muito. Não quero é ter que contar dinheiro”. Quando ela ganhou a independência pra não precisar contar dinheiro, fizemos uma festa juntos – ela e eu. Porque também vivia nessa situação. De pegar o táxi e ficar de olho na pancadinha do taxímetro, às vezes interrompendo a corrida porque não tinha como pagar. Isso acabou – na minha vida e na dela. E ficamos muito felizes a partir daí.

JUNTOS

Um sabia da vida do outro, a gente falava sobre tudo. Tudo. Éramos confidentes por inteiro. Íamos juntos pras nossas solenidades de obrigação; ela também fazia o favor de ir pras minhas. Depois, seguíamos pra um bar ou pra um restaurante que a gente gostava, em Boa Viagem. Também íamos ao Recife Antigo, beber um pouco e conversar. A gente tinha uma relação de toda hora e de todo dia.

DISCIPLINA

Quando ela tinha qualquer problema de saúde, achava que eu teria também – então, já marcava o médico pra mim. Por exemplo: achava que, se ela estava com a vista curta, eu também estava. Só que eu não tinha nem a coragem nem a disciplina de Graça pra resolver essas coisas. No dia em que ela passou mal, foi à academia e reclamou porque eu não tinha ido.

JORNALISMO

Você olhava pra cara de Graça e sabia que ela era jornalista. Gostava do que fazia de um jeito impressionante, era uma jornalista exemplar. Se hoje, amanhã ou daqui a 100 anos eu encontrar com alguém que me pergunte como ser um bom jornalista, direi pra ser como Graça era: correta, verdadeira, cheia de emoção. Gente da melhor qualidade. E não seria uma profissional séria se não fosse uma pessoa séria. Gostava dela como jornalista e como pessoa muito mais ainda. A nossa relação pessoal sempre foi maior do que a relação de trabalho.

Últimas notícias