De 'Roque Santeiro' a 'Império', relembre as novelas de Aguinaldo Silva na Globo

Com a dispensa do autor pernambucano Aguinaldo Silva da TV Globo após mais de 40 anos de trabalho na emissora, que dividiu opiniões do público, o dramaturgo de 76 anos deixou um legado no canal através de suas histórias. Ainda que tenha saído de cena com a fracassada O Sétimo Guardião (2018/2019) no horário das nove, Aguinaldo coleciona vários sucessos e também pode ostentar um Emmy Internacional de Melhor Telenovela por Império, de 2014.

O Jornal do Commercio agora relembra alguns sucessos de Aguinaldo Silva que ficaram marcados na história da teledramaturgia brasileira durante sua trajetória na TV Globo. Confira.

OS SUCESSOS DE AGUINALDO SILVA

Roque Santeiro (1985)

Escrito por Dias Gomes em sua estreia no horário das 20h, Aguinaldo assumiu a coautoria da trama a partir do capítulo 41, que teve 209 ao todo, e foi ao ar de junho de 1985 à fevereiro de 1986. Roque Santeiro era uma sátira à exploração política e comercial da fé popular, e marcou época apresentando a cidade fictícia de Asa Branca como um microcosmo do Brasil. Entre os personagens marcantes da novela, estava o temido fazendeiro Sinhozinho Malta (Lima Duarte) e a fogosa viúva Porcina (Regina Duarte).

Vale Tudo (1988) 

A novela de Gilberto Braga teve Aguinaldo Silva como colaborador, junto com Leonor Bassères. A trama de 204 capítulos, exibida de maio de 1988 à janeiro de 1989, foi focada na corrupção e falta de ética, denunciando a inversão de valores no Brasil no final dos anos 1980. Os autores centraram a discussão sobre honestidade e desonestidade no antagonismo entre mãe e filha: a íntegra Raquel Accioli (Regina Duarte) é o oposto da filha, a jovem inescrupulosa Maria de Fátima (Gloria Pires). Vale Tudo também ficou conhecido pela famosa pergunta: "Quem matou Odete Roitman (Beatriz Segall)?".

Tieta (1989)

Com mais uma cidade nordestina em destaque, desta vez a fictícia Santana no Agreste, Tieta tem a autoria de Aguinaldo junto com Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares. Com 196 capítulos, indo ao ar de agosto de 1989 à março de 1990, a trama tem início quando Tieta (Claudia Ohana) é escorraçada da cidade pelo pai, Zé Esteves (Sebastião Vasconcelos), irritado com o comportamento liberal da jovem e influenciado pelas intrigas de sua outra filha, Perpétua (Adriana Canabrava). Humilhada e abandonada pela família, ela segue para São Paulo. 25 anos depois, Tieta (Betty Faria) reaparece em Santana do Agreste, rica, exuberante e decidida a se vingar das pessoas que a maltrataram.

Pedra Sobre Pedra (1992)

O mesmo trio autor de Tieta se repete em Pedra Sobre Pedra, que foi exibida de janeiro a agosto de 1992, com 178 capítulos. A trama de Pedra sobre Pedra se passa na fictícia cidade de Resplendor, na Chapada Diamantina, sertão da Bahia. A rivalidade entre duas famílias junto a elementos do realismo fantástico moviam a novela das oito. Entre os destaques estava a famosa flor do fotógrafo Jorge Tadeu (Fábio Jr.), que foi morto em uma das cenas mais marcantes da novela.

A Indomada (1997) 

A trama de Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares apresenta ao público a fictícia Greenville, uma cidade do litoral do Nordeste ocupada pelos ingleses no século XIX, e onde costumes britânicos e nordestinos se misturaram. Ao longo dos 203 capítulos, exibidos entre fevereiro e outubro de 1997, A Indomada caiu no gosto do público pela divertida fusão do sotaque nordestino com termos em inglês. A vilã Altiva (Eva Wilma) ainda é lembrada até hoje pela seu bordão "Oxente, my God!".

Senhora do Destino (2004)

Deixando o realismo fantástico de lado, Aguinaldo Silva apostou numa trama realista nesta trama das oito, exibida entre junho de 2004 e março de 2005, com 221 capítulos. Senhora do Destino contou a história da pernambucana Maria do Carmo (Carolina Dieckmann/Susana Vieira), que partiu para o Rio de Janeiro em busca de uma vida melhor, mas teve a sua filha roubada assim que chegou na cidade - no mesmo dia do decreto do Ato Inconstitucional nº5 (AI-5) - por Nazaré Tedesco (Adriana Esteves/Renata Sorrah), que se tornou uma das vilãs mais inesquecíveis da teledramaturgia.

Fina Estampa (2011)

Em mais um folhetim contemporâneo, Aguinaldo Silva escreveu uma história protagonizada por duas mulheres: Griselda Pereira (Lilia Cabral) e Tereza Cristina (Christiane Torloni). Com personalidades e valores opostos, suas vidas se cruzam logo no início da história, quando descobrem que seus filhos são namorados. O antagonismo entre as personagens, que ainda disputavam o amor de Renê (Dalton Vigh), conduziu a narrativa. Fina Estampa teve 185 capítulos e foi exibida entre agosto de 2011 a março de 2012.

Império (2014)

A novela que ganhou o Emmy Internacional de Melhor Telenovela contou a história de José Alfredo de Medeiros (Chay Suede/Alexandre Nero), o homem de preto. Dono de uma rede de joalherias, o Comendador tem três filhos com a aristocrata falida Maria Marta Mendonça e Albuquerque (Adriana Birolli/Lilia Cabral): José Pedro (Caio Blat), Maria Clara (Andreia Horta) e João Lucas (Daniel Rocha). Os três disputam a herança da empresa construída pelo pai. Na época do lançamento de Império, Aguinaldo Silva disse que José Alfredo era totalmente baseado em si mesmo.