Ruy Castro: "A obra de Nelson estava abandonada"

Autor de "O anjo pornográfico" participou de mesa neste sábado (17), com Heloisa Seixas e Geneton Moraes Neto
Do JC Online
Publicado em 17/11/2012 às 19:24


Um dos principais biógrafos brasileiros, o jornalista Ruy Castro, e sua mulher, a romancista Heloisa Seixas, participaram neste sábado (17) da Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), com o painel Segredos e inconfidências d’O anjo pornográfico. Ruy é o responsável pela biografia de Nelson Rodrigues, lançada em 1992.

Com mediação do jornalista Geneton Moraes Neto, Ruy Castro e Heloisa falaram sobre a vida do dramaturgo recifense e de curiosidades que permearam a construção do livro O anjo pornográfico. “A obra de Nelson estava abandonada. Conheci Nelson aos 4 anos, quando minha mãe lia A vida como ela é, em voz alta, para mim. Aprendi a ler assim”, disse o biógrafo.

Ruy Castro afirmou que Nelson, na década de 1990, estava abandonado. As obras dele estavam esgotadas nas livrarias, sem previsão de relançamento. “Decidi fazer o livro quando eu tinha acabado de lançar Chega de saudade, e sugeri à Companhia das Letras. Acho, na verdade, que a editora só aceitou em consideração a mim, porque Nelson não fazia o perfil da Companhia”, completou.

Durante a produção do livro, Ruy contou com a ajuda da sua mulher, a jornalista e romancista Heloisa Seixas. Ela aproveitou o painel para se lembrar de uma curiosa visita que fez com o marido às irmãs do dramaturgo. “Elas eram as próprias personagens de Nelson. E o apartamento delas era um cenário muito curioso, parecia uma obra gótica: cortinas de veludo, ambientes escuros”, contou Heloisa.

Geneton Moraes Neto também relembrou a entrevista que fez com Nelson Rodrigues, há 34 anos, no Rio de Janeiro. O jornalista exibiu trechos da matéria para o público, que mostra a sua relação com o Rio e a influência de Nelson nesta história.

Já no final da mesa, Heloisa Seixas destacou que foi a partir da obra de Ruy que o autor de Viúva, porém honesta, tornou-se famoso pelo adjetivo anjo pornográfico . “O título vem de uma frase do próprio Nelson:  ‘Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico.’"

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