O corpo do escritor, dramaturgo e poeta Ariano Suassuna foi enterrado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife. Milhares de Amigos, familiares e admiradores do escritor foram ao Cemitério para prestar as últimas homenagens na tarde desta quinta-feira (24). O corpo chegou com uma hora de atraso e foi recebido com aplausos dos presentes.
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Logo que o caixão chegou ao cemitério, 30 policiais do Batalhão de Guarda do Recife realizaram a cerimônia de salva de tiros. O cortejo foi recebido por cavaleiros da cavalgada que acontece todos os anos no último fim de semana de maio em São José do Belmonte, no inspirada no livro A Pedra do Reino.
Além dos familiares e amigos, estão presentes o candidato a presidência Eduardo Campos, o governador de Pernambuco João Lyra Neto, os cantores Chico César e Lia de Itamaracá.
Na cerimônia, foi tocado por um violino as músicas Madeira do Rosarinho e a oração de São Francisco. O neto mais velho, João Suassuna, leu dois poemas escritos pelo seu avô, o primeiro feito em homenagem ao pai de Ariano e outro, para a mulher, Zélia Suassuna:
Fazenda Acahuan
Aqui morava um rei quando eu menino
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pedra da Sorte sobre meu Destino,
Pulsava junto ao meu, seu coração.
Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,
O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.
Mas mataram meu pai. Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.
Sua efígie me queima. Eu sou a presa.
Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa
Espada de Ouro em pasto ensanguentado.
A mulher e o reino
Oh! Romã do pomar, relva esmeralda
Olhos de ouro e azul, minha alazã
Ária em forma de sol, fruto de prata
Meu chão, meu anel , cor do amanhã
Oh! Meu sangue, meu sono e dor, coragem
Meu candeeiro aceso da miragem
Meu mito e meu poder, minha mulher
Dizem que tudo passa e o tempo duro
tudo esfarela
O sangue há de morrer
Mas quando a luz me diz que esse ouro puro
se acaba por finar e corromper
Meu sangue ferve contra a vã razão
E há de pulsar o amor na escuridão