“O meu primeiro livro tinha que dizer de onde eu vim, então o trocadilho que trago no título é um adianto para o leitor de que ali abordo o meu universo: a cantoria de viola e a poesia popular de toda uma terra”, iniciou Isabelly Moreira, sobre o seu primeiro livro, Canta Dores, que será lançado amanhã (13/10), às 19h, na Plataforma de Lançamentos da XI Bienal Internacional do Livro de Pernambuco.
Nascida em São José do Egito, Sertão do Pajeú, Isabelly é estreante em publicações de livros, mas, aos 24 anos, já é veterana na poesia. Crescida na rua onde viveu Lourival Batista e João Batista de Siqueira (Cancão), a poetisa, além de assinar cordéis como Carta a Tião e integrar o trio pé-de-serra As Severinas, realizou nos últimos anos dezenas de oficinas relacionadas à cultura do sertão pelo Nordeste, dando ênfase para temas como literatura de cordel e cantoria de viola, pilares primordiais dessa sua nova obra.
“Eu carrego a poesia não como obrigação mas sim como um compromisso. Assim, os versos que trago nessa obra, em sua maioria, foram feitos há um certo tempo, mas senti que precisava colocá-los antes dos que vim escrevendo recentemente, os quais vou guardar para uma próxima publicação”, destacou Isabelly.
O verso que abre o livro, após o prefácio de Andreia Miron e a apresentação de Dedé Monteiro e Rogério Menezes, vem com estrofes que passeiam entre quadrão, gabinete, galope à beira-mar e mourão, fazendo de Cantoria uma aula-poema escrita com o primor e descontração de quem entende muito bem do assunto.
Cantador, Cantar o Lar, Canta Dó, Canta Dores e Nos Motes Que o Vento Traz são os capítulos que dividem a trajetória das belezas e lamentos do povo sertanejo descritos nos versos da poetisa.
Algumas das oficinas que a autora realiza são de caráter social, guardando uma porcentagem dos lucros de seus shows, oficinas e cordéis para reverter em oficinas gratuitas para públicos menos favorecidos. “Consigo bancar as despesas mínimas, como hotel, transporte e material”, contou. Trazer a voz do cantador em uma obra como esta também tem um papel essencial na sua militância em pró da difusão da cultura popular: “Como nem sempre dá para levar um cantador para as oficinas, o livro ajuda a instruir o público”, completou.
Uma das características mais puras da poesia popular, esta que está presente da primeira letra até o último ponto final nos versos de Isabelly em Canta Dores, é a capacidade ímpar de efervescer sentimentos nos desdobramentos de cada linha, chegando ao leitor com potencialidade proposital ou não.
Dia 25 deste mês o livro é lançado em Triunfo-PE. Em novembro, a obra chega em João Pessoa-PB e em dezembro em Campina Grande-PB.