crítica

Outros Críticos apresenta ensaios no livro 'O Outro É uma Queda'

A obra marca os dez anos do projeto Outros Críticos, comandado pelo escritor Carlos Gomes e pela designer Fernanda Maia

Diogo Guedes
Cadastrado por
Diogo Guedes
Publicado em 18/09/2018 às 8:48
Foto: Édipo, Roazzi, Gomes e Maia/Divulgação
A obra marca os dez anos do projeto Outros Críticos, comandado pelo escritor Carlos Gomes e pela designer Fernanda Maia - FOTO: Foto: Édipo, Roazzi, Gomes e Maia/Divulgação
Leitura:

Um livro que busca ser, ao mesmo tempo, casa e abismo. A partir das incerteza agudas, o escritor Carlos Gomes e a designer Fernanda Maia resolveram criar uma obra que funcionasse como síntese – tanto reflexiva quanto afetiva – da trajetória de dez anos do projeto Outros Críticos, que aborda arte e crítica de forma ensaística e experimental. Assim, formaram o volume O Outro É um Abismo, que tem seu primeiro lançamento nesta quinta (20), às 18h30, no Sexto Andar, Edf. Pernambuco, com um debate entre Carlos Gomes, Schneider Carpeggiani, Fred Caju, Dandara Palankof e Heitor Melo.

O livro, realizado com apoio da Cepe Editora, traz textos inéditos de Fabiana Moraes, GG Albuquerque, Priscilla Campos, Carol Almeida, Bernardo Oliveira, Marcelo Coutinho e Amanda Coutinho. Além disso, conta com outros ensaios publicados ao longo da última década por nomes como Jomard Muniz de Britto, Romulo Fróes, Ana Lira, Angela Prysthon e H.D. Mabuse.

Segundo Carlos, a obra traz em si a trajetória do projeto. “Não se trata de uma seleção de ‘melhores’ textos. Mas são textos que ajudam a revelar um pouco da nossa história, marcada por uma tentativa de aproximar aspectos que estão mais evidentes na criação artística, com outros mais próximos da reflexão crítica. Há ensaios inéditos de áreas diversas que ajudam a amarrar uma narrativa. A única coisa que falei para as autoras e autores desses ensaios foi: sobre o que você quer escrever?”, aponta. Junto com isso, ele fez uma “seleção crítico-afetiva”. “O projeto gráfico de Fernanda evidencia uma espécie de livro dentro do livro. Cada capítulo funciona como um pequeno livro dentro do livro maior”, continua.

A origem da Outros Críticos está nos heterônimos que Carlos começou a criar, gerando entrevistas e publicações ficcionais. “Era um exercício que misturava criação literária e reflexão”, conta. “Mas ainda não existia o nome Outros Críticos, que veio a ser inaugurado justamente com a chegada de Fernanda, que começou trabalhando no site e também realizando entrevistas, assinando como Amélie Marie.”

Mais tarde, o projeto passaria a incorporar colaboradores nas suas publicações. Assim, o “outro” como heterônimo foi transformado no outro de fato, com visões distintas da atividade da crítica e da arte. “Todos esses trabalhos procuravam refletir sobre a relação entre criação artística, reflexão crítica e o objeto livro/revista como também uma forma de atuação crítica”, aponta o editor.

DEBATES PÚBLICOS

“Os últimos dois anos foram mais intensos na publicação de livros, mas em todas as nossas ações sempre tivemos a preocupação de que o lançamento de qualquer publicação que fosse gerasse algum debate público. As nossas publicações nunca saíram das gráficas direto para as prateleiras de livrarias ou afins, sempre tivemos alguma forma de mediação pública com a participação de várias pessoas”, ressalta. Até por isso, após o lançamento na quinta, o livro vai ser debatido também na próxima segunda (24), às 15h, na Editora da UFPE, com Marcelo Coutinho, Liana Gesteira e Fernanda Maia, e no dia 28 de setembro, na Livraria Tapera Taperá, em São Paulo, com Priscilla Campos, Marina Suassuna, Ava Rocha e Sheyla Miranda.

A multiplicidade de autores, linguagens artísticas e abordagens torna O Outro É um Abismo uma espécie de caos harmônico. “As várias vozes são mais que uma impressão, mas uma proposta de atuação contra a cultura acrítica e unívoca”, explica Fernanda. “O fato do projeto começar pelo interesse de Carlos em criar heterônimos, aliado à minha vontade de empreender projetos em múltiplas linguagens (verbal, visual, literária, artística e de programação), representa o que acreditamos como cultura contemporânea e, inevitavelmente, permeia o projeto: dependemos da figura do outro para refletir a nossa fala e o nosso lugar, seja para contestar ou para equilibrar modos de ver e sentir. Ou seja, a presença de outras formas de pensar e de agir é essencial ao Outros Críticos – e para a manutenção da vida humana.”

Segundo Carlos, o livro é também o encerramento de um ciclo. “Os próximos passos vão depender muito da recepção que tivermos nesse lançamento. Como sempre foi, aliás, um projeto acaba puxando o outro. Uma ação acaba se desdobrando em outras”, indica. É ficar atento para descobrir que “outros” ainda podem habitar o projeto.

Últimas notícias