Passarela

Semana de Moda de Paris: feminismo em tempos de #MeToo

Evento foi marcado pelo apoio a causas solidárias e tendências que celebram desde flores até toucas ninjas

Da AFP Anna Pelegri
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Da AFP
Anna Pelegri
Publicado em 06/03/2018 às 19:20
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Evento foi marcado pelo apoio a causas solidárias e tendências que celebram desde flores até toucas ninjas - FOTO: Divulgação
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A moda agitou a bandeira feminista durante a Semana de Moda de Paris, que termina nesta terça-feira (6), marcada pelo apoio a causas solidárias e tendências que celebram desde flores até toucas ninjas. 

Estilistas engajados com o movimento #MeToo

A diretora artística da Dior, Maria Grazia Chiuri, deu novamente um tom abertamente feminista ao seu desfile, inspirado pelo espírito revolucionário de maio de 1968, com uma cenografia reivindicativa e lemas como "Os direitos das mulheres são direitos humanos".

Com uma homenagem à pintora Elisabeth Vigée-Lebrun, retratista de Maria Antonieta, o estilista americano Thom Browne apresentou uma coleção de looks imponentes de quadris arredondados. As formas "evocam o poder e a força". "É minha contribuição ao que acontece no momento", disse o estilista.

A estilista francesa Agnès b mostrou seu apoio à campanha #MeToo. "Tinha que fazer isso", disse no final do desfile. Na moda há 40 anos, a estilista disse que em sua empresa sempre há uma cabine para que as modelos troquem de roupa e "não estejam sob os olhos de todo".

As mulheres "estão nos inspirando" com essa campanha, disse o estilista indiano Rahul Mishra. "A indústria da moda será mais forte com mulheres mais fortes".

Boas causas em voga

Outras marcas abraçaram causas solidárias, como a Balenciaga, que lançou uma associação com o Programa Alimentar Mundial, usando a logomarca em camisetas, casacos e pochetes. A marca se comprometeu a doar 10% do preço dessas peças para esse órgão da ONU que luta contra a fome no mundo.

A Lacoste se aliou à União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) para lançar uma edição limitada de sua camisa polo clássica, trocando o famoso crocodilo por vários animais em vias de extinção. As peças, vendidas a 150 euros, esgotaram em poucas horas na internet.

Revolução tecnológica à vista?

Com o olhar concentrado nas novas gerações, as marcas de moda experimentam com novas tecnologias e tecidos. Demna Gvasalia, diretor artístico da Balenciaga, criou um jaqueta rígida e exagerada, graças a uma técnica que permite escanear o corpo em 3D, modificar e fazer moldes.

O britânico John Galliano continua inventando para a maison Margiela e, como fez no desfile anterior de alta-costura, cativou o público ao utilizar uma técnica que permite dar cores brilhantes a materiais transparentes.

O acrílico e o PVC ganham terreno na passarela: o diretor artístico da Paco Rabanne, Julien Dossena, reinterpretou a emblemática malha de metal da marca utilizando peças de acrílico e metal com rebites. 

Balmain e Rahul Mishra também apostaram no PVC.

Delicadeza floral

Os estilistas orientaram sua inspiração na natureza, em especial no mundo floral e vegetal. Em uma coleção muito outonal, a Chanel imaginou estampas ocres e alaranjadas, e a Dior decorou alguns de seus looks com flores hippies.

O libanês Elie Saab confeccionou uma coleção que remete ao inverno, e a marca Leonard usou uma nova estampa de flores de pequenas árvores. O indiano Manish Arora propôs estampas florais de cores radiantes.

Toucas ninja e foulards

A touca ninja e suas múltiplas declinações foram destaque em passarelas como da Dior, Lanvin e Chanel, assim como os foulards (lenços) nas passarelas da Gucci, Balenciaga e Agnès b, usados ao redor do pescoço, na cabeça e até presos como pendentes, como no desfile da estreante Marine Serre.

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