Há uma semana, Jorge Du Peixe, Lúcio Maia, Dengue, Pupillo, Toca Ogan, Gustavo da Lua e Marcos Matias se apresentavam no palco Sunset do Rock in Rio ao lado de ninguém menos que Ney Matogrosso. Hoje, os sete voltam para casa refazendo o encontro que arrastou uma multidão até o Marco Zero da cidade durante o carnaval do ano passado. São eles que vão abrir a noite para os cariocas do O Rappa no que, provavelmente, será o último show na cidade antes de colocarem mais um álbum no mundo. Radiola NZ, o disco de versões da Nação para clássicos de seus ídolos, já está pronto e aguarda apenas o aval da banda para ser lançado.
A novidade foi contada pelo baixista Alexandre Dengue em conversa por telefone com o JC. “Estamos só esperando o momento de lançar, debatendo exatamente se soltamos esse ano ainda ou no ano que vem”, detalhou ele. Contando com cerca de 12 faixas, o disco vai dar a cara da Nação para composições de veteranos, contemporâneos, brasileiros e gringos, dentre os quais Luiz Gonzaga, David Bowie e Amy Winehouse.
Além dele, o 9º de inéditas, sucessor do autointitulado de 2014, tem sido pensado há algum tempo e deve ganhar mais atenção agora após a turnê de comemoração pelos 20 anos do Afrociberdelia. A fase, conta Dengue, ainda é bem “embrionária”. “Ainda não juntamos todo mundo pra discutir. Eu geralmente vou pra casa de Pupillo e aí ficamos ali, desenhando baixo e bateria. Então, ainda não existe uma cara pra ele, não se consegue distinguir nada de harmônico só com isso. É tudo bem esqueleto mesmo”.
Se Nação Zumbi, o último, traz divagações de Jorge sobre passagem de tempo, vida e até possível morte – vide Bala Perdida, uma conversa com o projétil que “quase levou” o eu–lírico –, a nova empreitada ainda não tem uma possível linha temática definida. As letras só entram depois de Jorge participar do processo de criação instrumental para ver o que pode vir. “É assim desde a época de Chico, ele fazia isso também”, relembra Dengue.
Não será susto, portanto, se aparecer na setlist de hoje algum ensaio de faixa nova ou até mesmo alguma da Secos & Molhados, da celebrada parceria com Ney Matogrosso. “Tocar com Ney é uma coisa absurda, agora que tá caindo minha ficha”, se derrete Dengue. “O cara é uma figura enigmática, fica rindo e olhando você com aquela cara...”, comenta ele, aos risos.
Da parte da Nação Zumbi, o encontro se repetirá mais vezes, dependendo apenas da vontade de Ney, na iminência de gravar novo álbum. Enquanto a resposta final não é dada, a Nação continua com fôlego de quem não tem intenção de parar. “Cara, uma vez encontrei com o Frejat e ele me contou que ia parar o Barão (Vermelho) porque não havia pra onde correr, ele já tinha feito tudo com a banda. Então, a Nação Zumbi ainda não chegou a esse ponto...muita coisa ainda vai ser feita”, arremata.
Após a Nação Zumbi se encontrar com o público recifense será a vez dos cariocas do O Rappa comandarem o palco no que provavelmente será a despedida da cidade após 24 anos de carreira e dez álbuns. Em maio deste ano, o grupo anunciou que entrará em pausa por tempo indeterminado para que Marcelo Falcão (vocal), Marcelo Lobato (bateria), Lauro Farias (baixo) e Xandão Meneses (guitarra) possam se dedicar a outros projetos.
“Vimos nossos fãs crescerem, construírem famílias e trazerem filhos e netos para os shows. Mas chegou a hora de dizer que vamos parar”, afirmava o comunicado assinado pelos quatro.
O show de hoje será baseado no CD e DVD Acústico Oficina Francisco Brennand, gravado em 2016 no Recife. Com a proposta de fazer “uma coisa mais crua, mas sem perder a identidade do nosso som”, os músicos experimentaram com instrumentos diversos, entre eles, escaleta, steeldrums e guitarra de 12 cordas. Para os mais saudosos, hits gravados em álbuns anteriores também estarão na setlist. (N.P.)