O poeta pernambucano Marcus Accioly faleceu na manhã deste sábado (21/10), aos 74 anos. O corpo, que foi encontrado na residência do escritor em Itamaracá, será velado no domingo (22/10), na prefeitura de Aliança-PE e sepultado às 11h, no cemitério do município.
Algumas figuras públicas escreveram sobre o poeta. Confira:
“Pernambuco perde um dos seus maiores poetas contemporâneos com a morte de Marcus Aciolly. Autor de uma produção vasta e que começou muito cedo, esse pernambucano de Aliança também foi um intelectual engajado que ocupou posições importantes em defesa da cultura pernambucana e brasileira. Minha solidariedade ao seus familiares e amigos”.
É com tristeza e emoção que soube do falecimento do primo e grande poeta Marcus Accioly. Sua obra literária está escrita na grande poesia brasileira e universal. Foi essencialmente em vida um grande poeta. Muito aprendi com ele e suas mãos foram decisivas para minha entrada na Academia Pernambucana de Letras, onde merecidamente ocupava a cadeira que um dia pertenceu a João Cabral de Melo Neto. Um grande poeta nunca morre, sua poesia continuará conosco. Cancioneiro, Nordestinados, Latinoamerica, Sísifo, Poética, Íxion, Guriatã, Narciso, Daguerreótipos, entre outros, são livros que elevaram a nossa poesia a um patamar maior.
Tive a oportunidade de conhecer uma obra inédita do poeta que é o Auto de Canudos, que vinha incentivando o mesmo a lançar. Obra de fôlego e de grande envergadura poética e importância literária. Após Euclides da Cunha e Vargas Llosa, Canudos contado e cantado em versos com mais de 500 páginas, com grandes passagens poéticas. Era um perfeccionista. Escrevia e reescrevia diversas vezes. Um artífice da palavra.
Será sepultado em Aliança, sua terra, de um nordestinado, que amou e cantou a sua terra e a sua gente. Tinha perdido seu longevo pai não a muito tempo, com quem tinha grande ligação.
Quero lembrar de Marcus num grande encontro poético de dois grandes poetas, numa edição da Fliporto. A sua apresentação em um diálogo com o Prêmio Nobel de literatura, o poeta caribenho Derek Walcott, que também nos deixou em março de 2017. Dois grandes poetas que amavam o mar. Iremos em breve disponibilizar esse histórico encontro nas redes sociais para o merecido registro.
É difícil se despedir daqueles que amamos e admiramos. Poeta, descanse em paz. A sua poesia se eternizará nas gerações que virão. Receba você a homenagem dos Accioly / Campos e dê um abraço no velho Maximiano e Renato, seus primos, que certamente irão lhe fazer companhia em outra dimensão, nesse grande enigma e mistério que é a passagem da vida. Viva Marcus, viva a poesia!
Marcus Accioly era um rande poeta e grande amigo. Ele pautou sua vida pela lealdade e pela qualidade poética. Deixa um exemplo de compromisso com a poesia e com a literatura em geral. Paernambuco vai entir muito a sua ausência.
Entre suas obra eu destacaria Nordestinados, com uma bela e ampla visão do Nordeste e uma declaração de amor à região.
Marcus Accioly prometia ainda uma revisão da poesia contemporânea. Ele era era muito sentimental e amava a família
Além de um dos mais destacados nomes da chamada “Geração 65”, para mim Marcus Accioly será sempre um dos melhores exemplos de dedicação praticamente exclusiva ao verso – ao verso que ele preferia “épico”, embora tenha começado por um lirismo até com características da poesia popular, do coco-de-roda e outras modalidades da poesia que vem do povo.
A certa altura, porém, ele conheceu o poeta César Leal – também professor e teórico de Literatura (fundador do Mestrado respectivo, na UFPE) – e aquele lirismo inicial sofreria a guinada que veio a conservar até os últimos dias. Ou seja, uma poesia de respiro mais largo e mais ambicioso, formalmente.
Foi a marca indelével do “descobridor” da Geração sobre Marcus especialmente, e Accioly publica o “Sísifo” e outros livros de respiro mais amplo, coisa que ele seguiu perseguindo mesmo nos anos mais recentes, de certo “desencanto” pessoal, quando não se parecia mais com ele mesmo, ou não parecia possuir mais a energia de até a meia idade.
Na minha opinião de amigo, Accioly tornou-se – pessoalmente – um tanto “prisioneiro” daqueles anos (7080) nos quais ocupou cargos públicos de certa importância, publicou seus principais livros por selos editoriais importantes e mantinha encontros com públicos diversos.
A partir de 2000, o novo século talvez tenha trazido algum desconcerto para ele, senão uma verdadeira "inaptidão" para dialogar com um tempo veloz e diferente dos seus bons tempos (digamos assim), quando possuía uma grande visibilidade local como poeta.
Entretanto, é admirável o modo como se manteve igual a si mesmo, no amor à poesia. Seguia escrevendo, no “refúgio” de Itamaracá, como se não houvesse acontecido nenhuma das “mudanças” das quais reclamava acidamente. Por último, a forma como o governo estadual administrou (?) a extinção do Conselho de Cultura, do qual ele era presidente, deixou o poeta particularmente chocado com tecnocratas para os quais a Cultura não significa senão uma “dor de cabeça”, por incrível. E eles estão, aos montes, na esfera do poder estadual e da Prefeitura do Recife, indiferentes a poetas, escritores, teatros, livros e tudo que não seja administração “do varejo” eou daquilo que lhes traga votos de forma direta, clara e imediata.
Isso, talvez, infelizmente matou Marcus Accioly aos 74 anos, com seus originais dos últimos anos guardados na gaveta.
Marcus Accioly era um ícone. É uma grande perda para a sociedade e para a poesia. Era, sem dúvida, um dos maiores poetas do Brasil. E sua voz ia além da dimensão poética. Ele conseguiar ser um grande escritor e ainda um excelente orador, muito consistente no que dizia. Tinha uma memória fantástica que lhe permitia recitar longos textos de cor.