Despedida

Muita emoção no adeus a Gabriel Diniz na Paraíba

Morto prematuramente num acidente de avião, corpo de GD foi velado por uma multidão que admirava sua alegria

Robson Gomes
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Robson Gomes
Publicado em 29/05/2019 às 15:00
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Morto prematuramente num acidente de avião, corpo de GD foi velado por uma multidão que admirava sua alegria - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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JOÃO PESSOA – Milhares de pessoas compareceram nesta terça-feira (28) ao Ginásio O Ronaldão, na capital paraibana, para se despedirem de seu ídolo, Gabriel Diniz, GD, o eterno “Rei da Ousadia”, vítima de um acidente aéreo que ceifou mais duas vidas: as dos pilotos Linaldo Xavier e Abraão Farias. A aeronave caiu, na segunda-feira (27), no povoado de Porto do Mato, em Estância, na região sul de Sergipe.

Era palpável o sentimento de incredulidade diante da morte precoce, aos 28 anos, de um artista que começava a deslanchar na carreira e a fazer muitos planos para o futuro. Amigos, familiares e fãs lotaram o espaço, que foi aberto para o público pouco depois das oito da manhã. Em meio a tanta tristeza, o discurso de todos que conheciam, conviviam e curtiam GD era único: “O que fará falta neste mundo será sua alegria”.

“Ele queria mais. Queria ‘chegar chegando’ com a personalidade dele, com irreverência”, disse o pai de Gabriel, Cizinato Francisco Diniz. Oscilando entre a firmeza e a emoção, ele afirmou ter pressentido o que aconteceria com seu filho.

“No dia em que ele fechou o voo, eu pensei que ia acontecer. Não tive coragem de falar pra ele, mas senti que poderia dar errado. Não senti firmeza, não senti alegria, e realmente aconteceu. Se não fosse o avião, seria a balsa, o ônibus, alguma coisa. Era o dia dele”, admitiu Seu Cizinho, como é chamado carinhosamente.

Ao longo da manhã, foi tranquilo o movimento dos fãs que entravam no ginásio para dar adeus ao GD. A cerimônia foi organizada de modo a permitir que os presentes passassem em fila diante do caixão para a despedida.

Pouco antes do meio-dia, um dos momentos de maior comoção foi a chegada ao velório da banda que o acompanhava nas turnês. Todos vieram juntos, no ônibus padronizado com a logomarca de Gabriel Diniz, fardados como se estivessem prontos para mais um show ao lado do colega. A última apresentação que compartilharam foi em Feira de Santana, na Bahia, no último domingo (26).

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Ao chegarem próximos ao caixão de GD, os músicos formaram um círculo de mãos dadas para homenagear com depoimentos, orações e canções aquele que, segundo eles, era “mais que patrão”.

O percussionista Leomar Silva Santos, o Mamá Mix, de 30 anos, desabafou: “Foi a última vez em que eu subi no ônibus e vesti essa farda. Fica a tristeza, porque tinha o momento nosso no ônibus, as brincadeiras. [...] Mas eu vivo da música, e ele foi e sempre será meu patrão enquanto eu estiver trabalhando”, disse o colega, que fez questão de deixar o seu recado: “Nossa vida é um ciclo e a gente não sabe onde vai parar. Ele se foi e hoje eu estou aqui, girando, para um dia encontrá-lo e fazer um show lá em cima”.

A perda de Gabriel Diniz, às vésperas do período junino, foi muito sentida entre os artistas nordestinos, que fizeram questão de dar o seu adeus pessoalmente. Entre eles estavam Wesley Safadão, Xand Avião – que, inclusive, passou mal durante o velório – Mano Walter, além de Aldair Playboy e Matheus, da dupla Matheus & Kauan.

Antes dos depoimentos emocionados feitos durante a Missa de Corpo Presente, uma das frases proferidas pelo padre resumia o sentimento de todos: “A gente não consegue ver Gabriel num contexto de tristeza. Apenas de alegria”.

MULTIDÃO LEVAVA CONSOLO

Ana Maria Diniz, a mãe de Gabriel Diniz, chegou amparada ao velório. A namorada dele, Karoline Calheiros, chorava inconsolável. O avião em que viajava GD deslocava-se de Salvador para Maceió, onde Karoline morava. O cantor queria fazer uma surpresa à amada por ocasião do seu aniversário. À multidão, formada por anônimos e famosos, parentes, amigos e fãs, coube o papel de levar palavras consoladoras.

Amigos mais próximos e familiares do cantor acompanharam a cerimônia numa área mais reservada, onde a imprensa não tinha acesso direto. Nos momentos finais, antes de o corpo sair em cortejo para o sepultamento, durante a Missa de Corpo Presente, os colegas artistas foram chamados a prestar suas últimas homenagens.

Um dos mais esperados era o cantor Wesley Safadão. Sem esconder suas lágrimas durante a cerimônia, fez questão de vir a público para fazer seu discurso.

“Eu agradeço a Deus por ter me permitido compartilhar momentos especiais da vida dele. Ter feito parte da sua história. [...] Se eu já achava o Gabriel um cara especial não só para nós, mas também para Deus, agora eu tenho certeza disso mais do que nunca. O Gabriel viveu o seu melhor momento, literalmente. Ele era realmente um cara diferenciado. Era uma das poucas pessoas do nosso meio que sabia levar a nossa dura vida de artista com leveza”, disse Safadão, com voz embargada, e puxando o coro da música Paraquedas, um hit de GD, cantada por todos no Ronaldão.

O cantor alagoano Mano Walter também deixou-se levar pela emoção. Chorando muito, o artista lamentou, principalmente, por não conseguir concretizar um dueto com Gabriel. “Vou fazer de tudo para gravar a nossa música”, disse ele, arrancando aplausos do público. “Vamos segurar nossa peteca aqui. Vamos tocar forró e lembrar sempre de você”, prometeu Mano.

Xand Avião foi mais sucinto devido à forte emoção sofrida ao ver o corpo do GD no velório, quando chegou a passar mal. “Tá ruim. Tá doendo. Mas sei que ele viveu a vida intensamente”, comentou ele. “Vai com Deus, Gabriel. Eu te amo!”.

Por volta das 15h20, a cerimônia chegou ao fim no Ronaldão. O corpo de Gabriel Diniz deixou o ginásio em carro aberto do Corpo de Bombeiros, ao som de uma banda marcial, junto com as últimas saudações dos fãs e gritos de “GD, GD!”. O cortejo seguiu até o Cemitério das Acácias, onde foi sepultado, em um momento reservado para a família e amigos próximos.

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A missa de sétimo dia está marcada na Paróquia Cristo Redentor, também em João Pessoa, lugar que ele frequentava desde sua infância, na cidade que o mato-grossense de nascimento abraçou como sua de coração.

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