Os 12 trabalhos do maestro Ademir Araújo

Maestro faz disco homenageando músicos pouco lembrados
José Teles
Publicado em 20/12/2012 às 6:00


O maestro Ademir Araújo associa ao Hércules da mitologia grega o disco que lança hoje, a partir das 20h, no Museu do Estado de Pernambuco. Se foram 12 os trabalhos de herói mitológicos, uma dúzia de faixas tem o CD Os 12 trabalhos (projeto aprovado no Funcultura). Ambos, Hércules e o maestro Ademir Araújo são herois em seus respectivos campos. Ambos cumpriram tarefas difíceis, com uma diferença básica. Formiga, como também é conhecido o maestro teve menos dificuldade em concluir sua tarefa. Ele estava encarregado de reunir doze ritmos, ou gêneros, musicais brasileiros para compor o repertório do disco. Foi moleza. Se dificuldade houve foi selecionar apenas esta quantidade na miríade de ritmos existentes no país.

O disco tem origem em um projeto de Ademir Menezes para a Funarte: a criação de doze partituras com gêneros musicais distintos. Daí veio a ideia do disco, viabilizado com um projeto aprovado no Funcultura. Para Ademir Araújo, que se confessa desviado pela música da sua vocação inicial para arquitetura, ou talvez artes plásticas, cada faixa do disco é como um desenho, um personagem.

Modinha, coco, choro, balão, ciranda, maracatu, maxixe, caboclinhos, valsa, frevo, xote, samba, não necessariamente nesta ordem, são os ritmos que formam o repertório de Os 12 trabalhos. Porém se trata de uma escolha aleatória. Cada um destes ritmos é uma homenagem prestada a pelo maestro a pessoas que se destacaram em algum deles. Luiz Boquinha, um coco, por exemplo, é dedicado ao pouco lembrado Luiz “Boquinha” de França: “Presenciei muitas vezes, Luiz Boquinha improvisar um coco sobre um assunto do dia. Quase ninguém lembra que ele é o autor de Eu vou pra lua, lançada por Ary Lobo”, comenta Ademir Araújo.

Na faixa Frevando com clarinete, o instrumento é referência a mestres que atuaram em Pernambuco, conforme detalha o maestro: “A música é para Lourival Oliveira, Jones Johnson e Jair Pimentel; Eu ia para casa de Jair, esperava ele se arrumar e o acompanhava até onde ele fosse tocar”, conta Ademir Araújo. Os dois primeiros tocaram na sinfônica, e foram destacados autores de frevos, enquanto o último foi bastante atuante, com vários discos gravados na Rozenblit. Autor de todas as músicas, o maestro assina a direção musical, e contou com a participação de músicos como Spok, Gilberto Pontes, e João Carlos Araújo.

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