Um grupo de trinta artistas de áreas diversas ocupou ontem a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), instalado provisorioriamente no antigo prédio do Colégio Nobrega, na Avenida Oliveira Lima, Boa Vista. Como os ocupantes espalhados pelas representações do Iphan em cidades como Curitiba, Fortaleza e Belo Horizonte, os pernambucanos protestam contra a extinção do Ministério da Cultura, agora fundido ao da Educação sob a gestão do pernambucano Mendonça Filho.
O Iphan é vinculado ao extinto Ministério da Cultura. “Esse é um movimento que está apenas começando e vem tomando conta de todo o Brasil. O fim do Minc não é apenas a retomada de uma agenda de governo neo-liberal, mas um retrocesso em conquistas fundamentais. O Brasil teve apenas oito por cento de vida democrática em sua história, e a democracia está de novo ameaçada”, disse o cineasta Eduiardo de Carvalho.
Superientende do Iphan em Pernambuco, Yvez Zambobi disse que a orientação da superintendente nacional, Jurema Andrade, é que os manifestantes não sejam expulsos “desde que mantenham a integridade física do prédio”. Em negociação com os ocupantes, ele pediu que fossem desocupadas as salas internas do prédio, para garantir a integridade patrimonial de obras de arte e dcoumentos abrigados no Iphan. Ontem à noite, os artistas decidiam se vão ocupar os jardins internos com acampamentos ou se ocupam uma sala na área externa atualmente em uso pela empresa de vigilância que toma conta do prédio. Participaram da ocupação nomes revelantes na produção artística contemporânea como do diretor de teatro Pedro Vilella, os atores Giordano Castro, Paula de Renor, Roger de Renor, Hilda Torres, o cineasta Neco Tabosa.
Outro grupo de artistas se reuniu em protesto nesta segunda-feira (16), em frente à representação do extinto Ministério da Cultura no Recife, na Rua do Bom Jesus, no Bairro do Recife. Protestos se espalham pelo País. No Rio, cerca de 60 artistas se reuniram na noite da última segunda-feira (16) em um casa em Botafogo, zona sul do Rio. O encontro foi convocado pela APTR (Associação de Produtores de Teatro do Rio).
Estavam presentes artistas como Marieta Severo, Renata Sorrah, Leoni, Marcelo Serrado, Marco Nanini, Tonico Pereira, Bruna Linzmeyer e representantes de entidades, como Paula Lavigne, do Procure Saber. Aplausos e homenagens deixaram evidente o apoio dos artistas à ocupação do Palácio Gustavo Capanema, prédio histórico no centro do Rio. O edifício, onde hoje funciona a Funarte, foi ocupado no início da tarde desta segunda por manifestantes contrários à extinção do Ministério da Cultura e por movimentos contrários ao governo do presidente interino Michel Temer (PMDB).
Tudo indica que o local virará um centro de resistência. Lavigne anunciou que o Procure Saber pretende montar um palco no pilotis do edifício e organizar shows e apresentações ali todas as noites às 19h. A programação ainda não foi definida, mas as atividades devem começar na próxima quarta (18). Otto e Lenine já disseram que participarão dos atos.