O forró que faz a turma que segue a linha gonzaguiana, em lugar de "pé de serra", poderia se chamar forró de resistência. A época junina, em quase todo Nordeste, é dominada pela bandas de fuleiragem e sertanejos. Indiferentes a isso, o pé de serra resiste, com turnês e discos novos. Este ano não foi diferente. Seja em modestas embalagens envelope ou em sofisticadas digipack, os discos estão aí.
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Lançaram CDs em 2016 do quase centenário Sebastião Biano (da Banda de Pífanos de Caruru) a João Lacerda (filho de Genival Lacerda). Confira alguns lançamentos para animar a festa:
Forrozança, Som da Terra O veterano grupo recifense, com mais de 40 anos de estrada, é assumidamente de baile, e aí tanto faz São João ou Carnaval. Lançou um álbum de embalagem cara, em forma de uma sanfona, com dez músicas, parte autoral, parte de autores como Ozi dos Palmares (Desassossego), Gilberto Gil (Expresso 2222) ou A Natureza das Coisas (Accioly Neto). Um forró com um pé na MPB. Participação especial de João Neto, guitarrista de Garanhuns que tocou durante muitos anos com Dominguinhos.
Nativo, Jorge de Altinho O olindense Jorge de Altinho foi um dos renovadores do gênero, no começo dos anos 80, enfatizando os metais com a sanfona. Com exceção de uma faixa, Abençoado (Minha Maria), de Marquinho Maraial, ele assina o restante do repertório de 12 músicas. Nativo segue a linha que domina o pé de serra, a temática romântica, que predomina em nove faixas. Deixa de bater na mesma tecla nos baiões Filho do Cariri e Luiz, Sertão, Saudade. Tocam com um ótimo time de músicos, entre outros, Quartinha (percussão), Bozó 7 Cordas, e Luizinho de Serra (Sanfona).
Frutificando, Flávio Leandro DVD gravado na concha acústica, no Centro de Petrolina, um vídeo repleto de belas imagens, com 27 faixas e os mais diversos rimos dentro do forró, músicas autorais e de terceiros, incluindo clássicos do gênero. O DVD tem participações de Alcymar Monteiro, Petrúcio Amorim, Maciel Melo, Joquinha Gonzaga, Santanna, Sarah Leandro, Chico Justino Cícero Mendes, Mariano Carvalho, Tico Seixas e Freforriando. Um vídeo para animar qualquer tipo festa junina.
Cinema Novo, Kleber Araújo Compositor arcoverdense, que labuta também nas lides do frevo, Kleber faz forró com temática e rítmica ampla, associada à poesia oral nordestina. Neste disco, lançado sem muito alarde, ele tem participações do Coco Raízes de Arcoverde, do poeta Lídio Vaz e Edilza Vasconcelos. O repertório é autoral e de nomes ligados ao Sertão do Moxotó, incluindo aí o conterrâneo João Silva, de quem gravou Porteira do Sertão.
Forró da Beira da Linha, Severino Luiz de Araújo Dedicado a Dominguinhos, o CD de Severino Araújo (que se destacou nos anos 70 e 80, como autor de frevos de sucesso) tem forrós de melodias bem desenhadas, interpretados por algumas da principais vozes do gênero em Pernambuco: Rogério Rangel, Cristina Amaral, Cezzinha, Vanildo Silva, e Dudu do Acordeom. A produção e arranjos são de Fábio Valois.
Forrofagia, Alcymar Monteiro Autodenominado Rei do Forró, Alcymar é um dos forrozeiros de carreira que prismam pelo profissionalismo, lança disco em embalagem envelope, com 17 faixas. Como é de praxe, adapta vertentes diferentes da MPB ao seu estilo. Cantando Fagner e Fausto Nilo (Retrovisor), e Dóris Edson e Marcos Roberto (Longe dos Olhos e Perto do Coração, hit da Jovem Guarda). Mas a maioria das faixas é dele. Na faixa final, Lei Seca, apoia a turma do bafômetro e sugere a moderação etílica.
20 +, João Lacerda Uma compilação de duetos do cantor com quem é quem da música nordestina. Vai de Reginaldo Rossi (em Plena Lua de Mel) ao Trio Nordestino (Pode Falar), do pai, Genival Lacerda (Amor, Querer e Paixão), a Dominguinhos (Sala de Reboco). Merecia embalagem mais elaborada.
Solidário e Sonhar, Roberto Lins Seguidor da linha forró romântico, quase todas as faixas falam das idas vindas do amor. Compensa o bater na mesma tecla pelas canções dançantes, bem arranjadas e bem produzidas.
Festa no Arraial, vários (Universal Music) Abrangente seleção do pesquisador Rodrigo Faour, que inclui Marlene, Elba Ramalho, Marinês, Alcione, Inezita Barroso, Gonzagão, João Silva (grafado João da Silva), Dominguinhos, Ney Matogrosso, Os Trapalhões e Altamiro Carrilho. Mais eclético, impossível.
Meu Forró, Aciolly Netto (Passa Disco) Relançamento do último disco gravado por Accioly Netto, produzido por Robertinho do Recife, reunindo os clássicos do seu repertório, mais uma inédita como bônus. Repertório aberto com Espumas ao Vento, uma das mais conhecidas do compositor.
Chego Já, Sebastião Biano e Seu Terno Esquenta Muié (Produção Maracá) Aos 97 anos, Sebastião Biano, da Banda de Pífanos de Caruaru, a original, que fez, em 1967, Gilberto Gil virar a cabeça, nem é forró, é preforró. Biano chegou a tocar pra Lampião. Esclarecimentos suficientes para se comprar o Chego Já.