Fazer com que os pernambucanos ou, pelo menos, boa parte das pessoas que amam a cultura pernambucana possam contribuir ativamente para preservá-la é o objetivo de uma campanha de financiamento coletivo virtual que tem início amanhã, através do site benfeitoria.com.
Com foco nos Patrimônios Vivos de Pernambuco, o projeto Memórias de Pernambuco – Patrimônios Vivos pretende produzir uma galeria virtual através da qual essas personalidades possam falar sobre seus trabalhos e trajetórias de vida. Os depoimentos serão registrados em minidocumentários, com 15 minutos de duração que, reunidos, serão disponibilizados gratuitamente na internet.
O projeto foi idealizado pela jornalista e pesquisadora Lydia Barros e é executado pela Artepe (Associação de Realizadores de Teatro de Pernambuco), Fervo Projetos Culturais, pelo cinegrafista Rodrigo Barros e pela fotógrafa Teresa Maia. Para cada valor de colaboração feita através da vaquinha virtual haverá uma recompensa em forma de arte.
“Os saberes, as tradições e demais integrantes da cultura popular pernambucana vêm sendo repassados no ‘boca a boca’, de mãos em mãos, por nossos mestres e mestras, sem que a riqueza das suas criações e saberes sejam reunidos em um espaço físico ou plataforma de visitação”, diz a apresentação do projeto.
“Dos 63 patrimônios vivos reconhecidos por lei, doze já faleceram, entre eles o ator e diretor de teatro José Pimentel, a cantora e compositora Selma do Coco e a ceramista Ana das Carrancas, sem terem essa oportunidade”.
A primeira fase vai contemplar cinco patrimônios vivos: os xilogravuristas J. Borges e Mestre Dila, o coreógrafo e fundador do Balé Popular André Madureira, o cantor Claudionor Germano, e a cirandeira Maria Cristina Andrade.
OS NOMES
J. Borges – Um dos artistas populares mais celebrados da América Latina, José Francisco Borges (1935), natural de Bezerros, no Agreste, é cordelista, xilogravurista e poeta. Já ilustrou capas de cordéis, livros e discos, e expôs em diversos países. Recebeu a comenda da Ordem do Mérito e o prêmio Unesco na categoria Ação Educativa e, em 2002, foi um dos 13 artistas escolhidos para ilustrar o calendário anual das Nações Unidas.
Mestre Dila – José Soares da Silva (1937), nasceu na Paraíba, mas veio para Pernambuco ainda criança. Em Caruaru, onde reside desde 1952, aprendeu a trabalhar com a madeira, fazendo carimbo e xilogravura. Suas gravuras, entalhadas em madeira e borracha vulcanizada, ilustram folhetos, rótulos de cachaça, livros, remédios e outros produtos, explorando temáticas do imaginário sertanejo e o realismo fantástico.
André Madureira – Natural de Garanhuns, Madureira (1951) mudou-se jovem para o Recife e no final dos anos 1960 já era criador, diretor, produtor e apresentador de programas na rádio e TV. Em 1972 fundou o Grupo Teatral Gente da Gente, que viria a se tornar o Balé Popular do Recife, que criou uma dança nacional inspirada na cultura popular do Nordeste, a brasílica, com roupagem contemporânea. O grupo introduziu o Nordeste no mapa cultural do País, mostrando ao mundo o bumba–meu–boi, a cavalhada e o pastoril.
Claudionor Germano – Claudionor (1932), conquistou fama com composições de frevo, sendo um dos principais intérpretes das obras de Capiba e Nelson Ferreira. Somente do primeiro, gravou 132 canções. Iniciou sua carreira em 1947, na Rádio Clube de Pernambuco, com o conjunto musical Ases do Ritmo. Manteve-se ligado ao grupo mesmo quando partiu para a carreira solo. Ao comemorar 68 anos de carreira, em 2012, contabilizava a gravação de 478 músicas e 31 discos.
Maria Cristina Andrade – Cristina (1947) é mestre cirandeira, também envolvida em folguedos populares como o pastoril, o urso de Carnaval, a Bandeira de São João e a Lapinha. Filha de “Dona Dengosa”, que fundou o Pastoril Estrela Brilhante, em 1958, e a Ciranda Dengosa, em 1968, Maria Cristina acabou herdando o talento materno para a cultura popular, tornando-se também cantora e organizadora dos corais dos blocos Após Fun, Bloco do Amor, Diversional da Torre e do Urso Cangaçá.
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