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Jô Soares critica 'guinada rumo à ignorância' no Brasil

Jô Soares foi homenageado pelo Prêmio Shell, que celebra os melhores do teatro de São Paulo, discursando sobre os rumos políticos e artísticos do país

da Estadão Conteúdo Leandro Nunes
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Leandro Nunes
Publicado em 21/03/2019 às 9:33
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Jô Soares foi homenageado pelo Prêmio Shell, que celebra os melhores do teatro de São Paulo, discursando sobre os rumos políticos e artísticos do país - FOTO: Foto: Estadão Conteúdo/Reprodução
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A chuva que sempre atinge a Estação São Paulo, nesta época do ano, marcou a edição Prêmio Shell 2019, que celebrou, ontem, 20, os melhores do teatro paulista e ainda homenageou Jô Soares. "O Brasil não pode ter uma guinada tão violenta rumo à ignorância", disse.

Na premiação, os artistas defenderam o trabalho artístico no País. "Não somos enfeite", afirmou o ilustrador Guazzelli, que venceu na categoria cenário, pelo espetáculo Os Três Mundos, ao lado do Coletivo Bijari e Marisa Bentivegna.

Para o diretor de Um Panorama Visto da Ponte, Zé Henrique de Paula, o teatro precisa olhar para os mais necessitados. "O título da peça de Arthur Miller sugere um olhar a partir do ponte do Brooklin de onde se vê tudo. Todos que estamos aqui somos privilegiados. As pessoas menos privilegiadas nesse país correm perigo. Precisamos fazer algo por elas."

Na peça, Eddie Carbone (Rodrigo Lombardi) recebe dois primos imigrantes que passam a viver ilegalmente nos Estados Unidos. A ação se passa em Nova York e é narrada pelo advogado Alfiere, papel de Sergio Mamberti. "Hoje, eu poderia encerrar meu trabalho por já ter trabalhado com Sergio", comentou o diretor.

A atriz Chris Couto se surpreendeu com o prêmio por sua interpretação em A Milionária, texto de Bernard Shaw. "Faço teatro há 40 anos, nunca fui indicada e hoje ganhei."

Homenagem

Durante a cerimônia, a carreira de Jô Soares foi relembrada e, emocionado, o homenageado lembrou de uma frase de Millôr Fernandes. "Ele disse que um país só tem progresso se investir em cultura e tecnologia de ponta."

Jô também desmentiu boatos de que tenha recebido recursos da Lei Rouanet. Aos 81 anos, ele defende que o caminho da arte e dos artistas brasileiros é o de continuar resistindo. "Um amigo dizia que o Brasil é um rio, e isso passa. Mas precisamos de um barco muito forte. Eu peguei duas ditaduras. Uma tive de jogar meus livros no lago do Ibirapuera porque tinha vermelho no título, para ver onde vai a paranoia. Isso tem de passar. A gente tem de remar mesmo que seja contra a corrente."

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