O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou nessa terça-feira (30) um plano de recuperação econômica, que inclui um novo sistema de controle cambial, mais investimento social e cortes na despesa pública do país que entrou em recessão. Maduro disse que se colocará na frente de batalha para recuperar a economia venezuelana.
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Horas antes do anúncio, o Banco Central da Venezuela divulgou os mais recentes dados da inflação e do Produto Interno Bruto (PIB). O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ficou em 63,6% nos últimos 12 meses, enquanto os dados do PIB – Produto Interno Bruto, que é a soma de riquezas produzidas pelo país – mostravam a entrada em recessão, uma vez que caiu por três trimestres consecutivos: no primeiro 4,8%, no segundo 4,9% e, no terceiro, 2,3%.
O banco atribuiu "a elevação inflacionária" à onda de manifestações antigovernamentais no país. Maduro criou grande expectativa em relação ao anúncio de terça-feira, depois de na véspera ter informado que divulgaria dados do programa de recuperação da economia.
Esse plano contempla a criação de um organismo, que designou de “estado-maior” para a recuperação econômica, que ficará responsável por coordenar todos os esforços para a saída da crise e que começa a funcionar no sábado (3), no Palácio de Miraflores, sob a direção do próprio presidente.
“Nesse dia começamos já com todos os mecanismos de supervisão e controle e verificaremos todos os detalhes”, disse o chefe de Estado venezuelano, em coletiva de imprensa.
“Vamos seguir em frente”, disse Maduro, explicando que o plano de recuperação econômica avançará em três momentos – em seis meses, em dois anos e em quatro anos – e terá impacto nas variáveis de crescimento, na “inflação induzida” e fará frente à queda do preço do petróleo que se situa abaixo dos US$ 47 por barril.
Maduro adiantou que as linhas de ação incluem, além de um novo sistema cambial, uma reforma fiscal, “a otimização do gasto público” e o reforço das reservas internacionais.
Como parte desses objetivos está o “aperfeiçoamento do modelo econômico-social de distribuição da riqueza” e o investimento em programas sociais “do modelo socialista” para os quais, assegurou, conta com os recursos em bolívares.
Ele insistiu que todas as vicissitudes por que atravessa a economia venezuelana se devem a uma “guerra econômica” promovida por setores empresariais nacionais e internacionais, às quais se soma a queda dos preços do petróleo, fenômeno pelo qual responsabiliza os Estados Unidos.
“Todas essas dificuldades vão nos permitir reordenar, com maior rigor, exigência e disciplina, os gastos do Estado, o investimento social e econômico, a estratégia de crescimento real, a conquista de resultados no desenvolvimento e crescimento da economia”, afirmou o presidente.
O governante pediu a todos os venezuelanos para entrar em 2015 “com vontade trabalhar, com esperança, com infinita força” e, apesar de reconhecer que será “um ano de luta”, apelou para que se acredite que será um período de “grande mudança do modelo econômico”.