A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) busca conter a produção da Líbia e da Nigéria, países que tiveram um salto na oferta, o que poderia atrapalhar os esforços do cartel para reduzir a produção e elevar o preço do barril. A Líbia e a Nigéria foram isentas do acordo do ano passado para reduzir cerca de 2% da produção de petróleo global, já que enfrentavam distúrbios civis.
Desde então, porém, as duas nações fecharam acordos com militantes. A Líbia e a Nigéria acrescentaram 550 mil barris por dia à produção de petróleo desde outubro, mês que a Opep usa como baliza para seus cortes, segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE). Isso reverte quase a metade dos cortes do acordo liderado pela Opep, que inclui também países de fora do grupo, como a Rússia.
A Opep questionou o ministro do Petróleo nigeriano, Emmanuel Ibe Kachikwu, e o chefe do setor de petróleo na Líbia, Mustafa Sanallah, para que expliquem seus planos de produção, durante uma reunião nesta sexta-feira. A Opep terá sua próxima grande reunião no dia 30 de novembro.
A Líbia e a Nigéria têm produzido tanto que, somando-se com a oferta robusta dos EUA, esse cenário mantém o mercado bem suprido, segundo Ian Taylor, executivo-chefe do Vitol Group. Taylor disse não esperar que o petróleo atinja US$ 60 neste ano.
Os preços do petróleo subiram 10% nas últimas três semanas, diante do otimismo de que os cortes da Opep estejam finalmente funcionando.
Em Viena, o ministro do Petróleo do Kuwait, Essam al-Marzouq, afirmou que os estoques do mundo desenvolvido de petróleo recuaram 170 milhões de barris de janeiro a agosto. A Opep tenta levar os estoques para mais perto de suas médias históricas. "Embora estejamos no caminho certo e haja mais luz no fim do túnel, este não é o momento de tirar o pé do acelerador."
Privadamente, porém, a Opep e seus aliados têm mostrado preocupação com o quadro na Líbia e na Nigéria. O cartel não tem como forçá-las a aderirem aos cortes, mas já expulsou membros, como a Indonésia, que se recusaram a ajudar quando houve um consenso. Nigéria e Líbia dizem não ter a intenção de reduzir a produção.
A produção da Nigéria subiu a 1,66 milhão de barris por dia em agosto, no maior patamar desde fevereiro de 2016, segundo a AIE. A produção da Líbia avançou mais ainda e atingiu 1 milhão de barris por dia em julho pela primeira vez em quatro anos. Em agosto de 2016, a produção líbia estava abaixo de 300 mil barris por dia.
O ministro da Energia russo, Alexander Novak, disse na noite de quinta-feira que seriam discutidos possíveis limites à produção da Líbia e da Nigéria. Mas ele acrescentou que seria difícil exigir restrições da Nigéria por causa da volatilidade de sua produção.
A reunião desta sexta-feira não incluirá o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Khalid Falih, que tem feito lobby para que Nigéria e Líbia se unam aos cortes, mas também atuou para evitar uma linha mais dura contra eles. Fonte: Dow Jones Newswires.