Novo presidente

Petrobras tomba quase 7% com escolha de Bendine e derruba Bolsa

Bendine esteve à frente do BB desde 8 de abril de 2009, em substituição ao então chefe do banco Antonio Francisco de Lima Neto

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Publicado em 06/02/2015 às 18:20
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Bendine esteve à frente do BB desde 8 de abril de 2009, em substituição ao então chefe do banco Antonio Francisco de Lima Neto - FOTO: Foto: VANDERLEI ALMEIDA / AFP
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A queda de quase 7% nas ações da Petrobras após a escolha de Aldemir Bendine para substituir Graça Foster no comando da estatal fez com que a Bolsa brasileira encerrasse a sexta-feira (6) em terreno negativo.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou com queda de 0,90%, a 48.792 pontos. Apesar do tombo, a Bolsa acumula alta de 4% na semana. No ano, a Bolsa cai 2,43%.

O volume financeiro negociado no pregão foi de R$ 7,33 bilhões, acima da média diária do ano, que é de R$ 6,46 bilhões até 5 de fevereiro.

A queda da Bolsa foi influenciada pela forte desvalorização sofrida pelos papéis da Petrobras após a informação de que Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, substituiria Graça Foster no comando da petrolífera.

Os papéis preferenciais da estatal, os mais negociados, fecharam o dia em queda de 6,94%, para R$ 9,12. Na semana, as ações acumulam alta de 11,5%, enquanto no ano caem 8,98%. Em 12 meses, a queda é de 35,8%.

As ações ordinárias, com direito a voto, fecharam com queda de 6,52%, para R$ 9,03. Na semana, as ações subiram 12,3%. No ano, caem 5,84%, enquanto em 12 meses a desvalorização é de 32,1%.

O nome de Bendine desagradou o mercado e parte do corpo técnico da companhia, que esperava nome do setor privado tanto para comandar a estatal como para a diretoria financeira -cargo a ser ocupado pelo vice-presidente de finanças do Banco do Brasil, Ivan Monteiro.

"O mercado esperava um nome diferente, de fora do governo, indicado pelo Joaquim Levy [ministro da Fazenda] e que trouxesse credibilidade à empresa. A escolha dos nomes, de certa forma, frustrou bastante os investidores", afirma André Moraes, analista da corretora Rico.

Para Bruno Piagentini e Daniel Liberato, analistas da Coinvalores, para agradar aos investidores o executivo escolhido deveria ser um nome do mercado, e não "indicação política".

Bendine esteve à frente do BB desde 8 de abril de 2009, em substituição ao então chefe do banco Antonio Francisco de Lima Neto.

Ele foi escolhido para o cargo na gestão do ex-presidente Lula para reduzir os juros banco e o aumentar do volume de crédito. Na ocasião o mercado não gostou da mudança, e as ações do BB caíram 8,15% num dia em que a Bovespa subiu 0,82%. Investidores viram a troca como uma interferência do governo, que estaria insatisfeito com a demora do BB em reduzir suas taxas para estimular a economia e amenizar a crise de então.

Em agosto do ano passado, a Folha de S.Paulo revelou que ele foi autuado pela Receita Federal por não comprovar a origem de aproximadamente R$ 280 mil em seu patrimônio.

No mesmo mês, a Folha de S.Paulo divulgou que um ex-motorista do BB, em depoimento ao Ministério Público Federal, afirmou que fez diversos pagamentos em dinheiro a pedido de Bendine e que também transportou recursos em espécie a mando do presidente do BB.

Em outubro, a Folha de S.Paulo mostrou que Val Marchiori obteve R$ 2,7 milhões num empréstimo subsidiado pelo governo, a partir de uma linha do BNDES, contrariando diversas normas internas do BB.

EDUCAÇÃO

Além das ações da Petrobras, o destaque ficou com os papéis da Kroton -empresa do setor educacional-, que perderam 10,48%, para R$ 10,25. A empresa piorou as expectativas de crescimento de sua base de alunos, principalmente no curto prazo, após as mudanças do governo federal nas regras do programa de financiamento estudantil Fies.

A companhia agora prevê expansão de 8% na sua base de alunos para 2015. Já para 2016, a estimativa passou para 7%.

A maior alta do Ibovespa ficou com os papéis da CSN, que subiram 4,09%, para R$ 4,58. As ações da América Latina Logística (ALL) ficaram em segundo lugar, após subirem 4,07%, para R$ 4,60, em meio a expectativas positivas sobre julgamento, na semana que vem, do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) da fusão com a Rumo Logística, do grupo Cosan.

Os investidores analisaram também o IPCA (índice oficial de inflação), que começou o ano pressionado. O índice teve alta de 1,24% em janeiro, a maior desde fevereiro de 2003 (1,57%). Em dezembro, o índice já havia sido elevado (0,78%), resultado que levou o IPCA a fechar o ano de 2014 muito perto do limiar da meta do governo -ficou em 6,41% para um teto de 6,5%.

"A pressão inflacionária já estava precificada pelo mercado. Apesar de o dado de IPCA chamar a atenção, a Petrobras roubou a cena nesse período", diz Leandro Martins, analista da Walpires Corretora.

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