O Brasil voltou a registrar deficit expressivo no comércio exterior em fevereiro, devido à queda nas exportações, que continuam prejudicadas pelo preço baixo dos produtos básicos no mercado internacional.
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Em fevereiro, as importações superaram as vendas a outros países em US$ 2,84 bilhões. No ano, a balança comercial acumula deficit de US$ 6 bilhões. O resultado está pouco abaixo dos US$ 6,2 bilhões verificados no mesmo período do ano passado.
O governo mantém a previsão de fechar o ano com um resultado positivo, embora o ministério não tenha um número oficial. A última projeção do setor privado, levantada na pesquisa Focus do Banco Central, é de superavit de US$ 5 bilhões em 2015.
Em 2014, o país registrou o primeiro deficit (US$ 3,9 bilhões) desde 2000.
O diretor de Estatísticas e Apoio à Exportação do Mdic, Herlon Brandão, afirmou que a queda das vendas se deve, principalmente, à redução de preço de produtos importantes para a balança comercial --processo que tem ocorrido em meio à desaceleração econômica de grandes consumidores, como a China.
Em muitos casos, as empresas vendem uma quantidade maior de produtos, mas recebem menos dólares.
No caso do minério de ferro, um dos principais produtos exportados, as vendas cresceram 10% em quantidade no bimestre, mas o preço caiu à metade. A venda de petróleo mais que dobrou, mas a cotação recuou quase 50%.
Outro problema é o adiamento nos embarques de soja, devido a atrasos na colheita por questões climáticas e de preços. As vendas recuaram 63% em volume, e os preços caíram 20%.
Entre os produtos mais elaborados, o destaque é a queda de 25% na quantidade de veículos vendidos, principalmente para a Argentina.
"A gente sabe que a soja vai ser exportada, tem safra recorde este ano. Em relação a preços, isso é determinante, mas ainda é cedo para rever as expectativas de termos superavit no ano", afirmou.
Houve queda na venda para este e para praticamente todos os principais parceiros comerciais do Brasil, como China e União Europeia.
A exceção são os EUA. As vendas para aquele país cresceram 2,4% no bimestre, puxadas pelas exportações de aviões brasileiros e café em grão para aquele país. O café, aliás, é um dos poucos produtos básicos com aumento de preços e de volume exportado pelo país.
Em relação à greve dos caminhoneiros, a média diária de exportações da última semana do mês de fevereiro foi inferior à média das duas primeiras semanas, mas praticamente igual à da terceira semana, o que mostra impacto reduzido da paralisação, segundo o governo.