Crise

Grécia vota outro pacote de reformas em novo desafio para Tsipras

O projeto de lei inclui a reforma da justiça civil, a aceleração do procedimento de leilões e o reforço da liquidez dos bancos, muito afetados depois de três semanas fechados

Da AFP
Cadastrado por
Da AFP
Publicado em 22/07/2015 às 17:58
Foto: LOUISA GOULIAMAKI/ AFP
O projeto de lei inclui a reforma da justiça civil, a aceleração do procedimento de leilões e o reforço da liquidez dos bancos, muito afetados depois de três semanas fechados - FOTO: Foto: LOUISA GOULIAMAKI/ AFP
Leitura:

O parlamento grego examina nesta quarta-feira um novo paquete de reformas, incluídas no acordo com Bruxelas em troca de um resgate, em uma votação que colocará à prova a capacidade do primeiro-ministro Alexis Tsipras de manter sua própria maioria coesa.

O projeto de lei inclui a reforma da justiça civil, a aceleração do procedimento de leilões e o reforço da liquidez dos bancos, muito afetados depois de três semanas fechados.  

O fechamento de bancos, o controle de capitais e a limitação dos saques foram impostos pelo governo para evitar a quebra do sistema bancário enquanto é negociado o terceiro resgate com os credores (a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional).

 

A Grécia e seus credores fecharam em 13 de julho um acordo que obriga o governo a adotar duras medidas de ajuste em troca de um terceiro resgate financeiro, que pode se concretizar antes do fim de agosto.

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu nesta segunda-feira aumentar novamente o montante dos empréstimos de urgência (ELA) aos bancos gregos, sua única fonte de financiamento, indicou nesta quarta-feira a agência Bloomberg.

"O conselho de governadores do BCE decidiu em uma conferência telefônica nesta quarta-feira aumentar em 900 milhões de euros" os ELA, disse a agência citando fontes próximas à instituição.

O projeto de lei apresentado nesta quarta-feira também inclui a transposição de uma diretriz europeia para que os bancos garantam seus depósitos até 100.000 euros.

"Agora a prioridade é normalizar o sistema [financeiro] e ao mesmo tempo proteger os cidadãos que têm renda baixa", disse Tsipras à agência de imprensa Ana depois de uma reunião com os banqueiros.  

O texto foi levado ao parlamento em caráter de urgência e será votado durante a noite pelos 300 deputados da assembleia.

"O país vive uma situação de urgência, estou diante de um dilema (...) não quero contribuir com uma possível moratória", disse o ministro da Justiça Nikos Paraskevopoulos, que afirmou que votaria o texto apesar de suas dúvidas.

O sindicato de funcionários Adedy e o sindicato Pame, próximo ao partido comunista, convocaram uma manifestação em frente ao parlamento.

Na semana passada houve incidentes durante uma manifestação similar enquanto se votava um primeiro pacote de medidas, com aumento de impostos e privatizações

 

Acordo em meados de agosto

Apesar das vozes divergentes, tudo indica que o projeto de lei, assim como o da semana passada, será aprovado pelo parlamento. Aos votos da coalizão do governo (que inclui os deputados do Syriza e seus aliados nacionalistas Gregos Independentes) se somam os da oposição socialista (Pasok) e da direita (Nova Democracia). 

Na última quarta-feira, as medidas foram aprovadas por 229 dos 300 deputados da Câmara. Entretanto 123 dos 162 deputados da coalizão do governo não apoiaram o texto, sinal das divergências dentro do executivo.

Tsipras, que chegou ao poder em janeiro, está tentado controlar a sua maioria e já tirou do governo vários ministros contrários ao acordo com Bruxelas, que contradiz o resultado do referendo de 5 de julho, quando os gregos votaram "não" nas medidas de ajuste menos rigorosas do que as que estão sendo aprovadas agora.

Segundo os analistas, e apesar de sua grande popularidade, o primeiro-ministro de 41 anos mais cedo ou mais tarde terá que encarar os dissidentes para evitar as eleições antecipadas, opção descartada pelo porta-voz do governo.

Agora, o principal objetivo de Tsipras é chegar a um acordo sobre o resgate antes de 20 de agosto, dia em que o governo tem que pagar 3,19 bilhões de euros ao Banco Central Europeu. 

"Falar da segunda quinzena de agosto [para chegar a um acordo] é um bom intervalo", confirmou de Bruxelas o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici.

O novo resgate financeiro durará a princípio três anos e será superior a 80 bilhões de euros. 

A Grécia já recebeu nesta segunda-feira um empréstimo de urgência de 7,16 bilhões de euros que lhe permitiu pagar suas dívidas com FMI e com o Banco Central Europeu.

Últimas notícias