Bastou começar a funcionar no Brasil, o jogo de realidade aumentada Pokémon Go já estimula a criatividade empreendedora de quem procura uma forma de aumentar a renda. O aplicativo foi liberado no País no início da noite da quarta-feira (3) e imediatamente se tornou um dos assuntos mais comentados das redes sociais. Aproveitando a onda, sobram anúncios de pessoas comuns oferecendo transporte e roteiros para encontrar os personagens.
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Um dos primeiros da lista é o caruaruense de 20 anos João Henrique de Holanda. Depois de uma conversa despretensiosa com a irmã sobre a mobilização em torno do jogo e a vulnerabilidade dos usuários brasileiros diante da violência, o estudante de medicina decidiu oferecer uma carona paga para os usuários procurarem os personagens pelas ruas de Caruaru, no Agreste de Pernambuco.
“Já fiz duas corridas e tenho mais uma agendada. Por enquanto tudo ainda é muito informal. Muitos amigos estão dando sugestões de como melhorar o negócio, mas não vou colocar os carros na frente dos bois, vou esperar para sentir o movimento”, diz o estudante.
Ele cobra R$ 10 para transportar cada pessoa por meia hora em seu carro, um Fiat Uno 2016, e, a partir desta sexta-feira (5), ele irá levar grupos de quatro pessoas por R$ 30. Até a quinta-feira (4) à noite João Henrique já havia realizado três corridas e tinha mais uma agendada, tudo feito em seus horários vagos. Como ele, existem diversos outros motoristas (de carro e moto) oferecendo o serviço em todo o País.
Mas não são só as pessoas com espírito empreendedor que podem lucrar com o Pokémon Go. Uma das estratégias usadas por empresas de países onde o aplicativo funciona há mais tempo é anunciar se suas lojas são locais classificados como Pokéstops (pontos onde são encontrados itens que ajudam a continuar na brincadeira e aumentam as vantagens dos jogadores).
“A gente ainda não tem certeza do que pode acontecer porque estamos nos baseando no que aconteceu fora. O que se sabe que existe é uma possibilidade de trabalho de marketing em cima dessa febre. Temos como exemplo pontos turísticos movimentados por pessoas caminhando e caçando Pokémon. É preciso pensar ‘como faço para essa pessoa entrar na minha loja?’ Este é o desafio”, analisa a diretora de Comercial e Marketing da NL Informática (fornecedora de software de gestão), Grasiela Tesser.
E é justamente o turismo um dos segmentos que mais podem lucrar com o aplicativo, já que pontos turísticos costumam concentrar grande quantidade de personagens, além de Pokéstops e ginásios (locais onde acontecem as batalhas entre as criaturas capturadas por cada jogador). No Recife, um exemplo é o Marco Zero, no Bairro do Recife. “Fiquei sabendo pelos meus amigos que tinham vários por aqui. Então assim que saí do estágio vim para cá. Capturei pelo menos uns 15. Joguei tanto que meu celular descarregou e não posso mais continuar”, lamenta a estudante Catarina Gomes, 16 anos.
Em um período de crise e retração do consumo, poder contar com um volume maior de pessoas dispostas a andar pela cidade já é uma ajuda para os comerciantes. O próprio Sebrae chegou a sugerir que empreendedores usem o Pokémon Go como uma ferramenta para atrair mais clientes, oferecendo descontos para os participantes, terminais para carregar celulares e compartilhando a internet.