O ministro de Relações Exteriores, José Serra, disse nesta sexta-feira, 21, ter esperança de que o ajuste fiscal permitirá a expansão das linhas de financiamento pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a queda da taxa de juros.
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Serra fez tal afirmação na parte final da sua palestra no seminário "Soluções para a Expansão da Infraestrutura no Brasil", organizado hoje em São Paulo pela Associação Brasileira da Indústria de Base (Abdib) e Câmara de Comércio Americana (Amcham). "A minha esperança é que o ajuste fiscal permita uma expansão dos financiamento dos financiamentos do BNDES e também a queda da taxa de juros", disse.
De acordo com o ministro, a solidez na área fiscal, que pode ser acelerada com aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 241) que estabelece teto para o crescimento dos gastos públicos, vai ajudar na composição das condições para o investimentos privado no Brasil.
Questionado sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de cortar em 0,25 ponto porcentual a taxa básica de juro (Selic) na quarta-feira, de 14,25% ao ano para 14%, Serra optou pela cautela e preferiu não comentar. No mercado financeiro, renomados economistas criticaram a parcimônia do colegiado sob a justificativa de que, diante da forte recessão econômica, caberia uma redução de 0,50 ponto porcentual.
Antes, no mesmo evento, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também fez questão de não opinar sobre a decisão do Copom, restringindo-se apenas a dizer que "se o BC resolveu cortar (apenas) 0,25 ponto porcentual da Selic, então 0,25 ponto porcentual é o certo".
Privatizações
José Serra ainda ressaltou a importância das concessões e privatizações no País e falou que esse processo deveria ter começado antes. Defensor contumaz de juros baixos, ele avaliou que a realização de investimentos é dificultada pela alta taxa básica de juros no Brasil. O ministro fez um discurso evento da AmCham e da Abdib, em São Paulo.
"Privatização depende da taxa de juros, é como as empresas se financiam. Se o piso é a Selic, já é complicado quando a Selic sobe, a concessão fica limitada e aí tem que ter subsídio público, aí entra o problema do déficit", comentou Serra.
Falando sobre as medidas do governo do presidente Michel Temer, ele falou que a recuperação das contas públicas é essencial para o crescimento da economia. "A situação das concessões reside em uma ênfase muito grande do ponto de vista do desejo, podia ter começado antes", afirmou.
Sobre a proposta de colocar um teto no crescimento de gastos públicos com base na inflação do ao anterior, Serra afirmou que a medida cria um marco legal importante para o controle do gasto governamental no médio e longo prazo. "O projeto que vai ser aprovado, do teto, não é a solução final, mas, uma boa precondição", afirmou.
Ao falar do trabalho no Ministério das Relações Exterior, o ministro afirmou que o trabalho da pasta está sendo na busca de vender mais produtos agrícolas e produtos próximas ao processamento inicial. "Evidentemente não significa que agricultura possa comandar o processo de desenvolvimento, mas tem peso decisivo no que se refere ao balanço de pagamentos e vai continuar tendo", destacou.
Ele classificou o trabalho no ministério como uma "arrumação necessária" que vai ter impacto na relação externa do País