Greve geral: quem perdeu e quem ganhou com a paralisação

Enquanto o comércio amargou queda nas vendas, motoboys, taxistas, empresas de frete e Uber garantiram um reforço na renda
editoria de Economia
Publicado em 29/04/2017 às 6:29
Foto: Foto: Ricardo Labastier/JC Imagem


Após não registrar nenhuma venda em plena manhã de sexta-feira, o gerente de uma loja na Rua das Calçadas, Centro do Recife, fechou as portas mais cedo. Enquanto isso, um taxista precisava recusar passageiros fazendo sinal de cheio com as mãos. A greve geral deflagrada nessa sexta (28), em todo o País e por pelo menos 40 setores profissionais em Pernambuco, teve contornos diferentes para diversas categorias. Houve quem lucrou, mas também quem amargou perdas com a paralisação dessa sexta-feira (28) – dia em que, assim como os pernambucanos, vários brasileiros foram às ruas protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência, ambas em tramitação no Congresso Nacional.

De acordo com um balanço realizado por associações de classes representativas do setor varejista, divulgado pela Fecomercio de São Paulo, o comércio do País pode perder algo próximo a R$ 5 bilhões em decorrência dos protestos. Esse prejuízo, no entanto, pode ficar três vezes maior, já que o fim de semana será seguido pelo feriado de 1º de maio, na segunda-feira, quando se comemora o Dia do Trabalhador.

28 de abril de 2017

Por aqui, ainda não há uma estimativa oficial das perdas no Recife. Mas as ruas do centro amanheceram vazias, cenário causado pela adesão ao movimento por parte da população e profissionais das empresas de transporte público. A suspensão desse serviço afeta não só o deslocamento dos funcionários, mas também o fluxo dos consumidores. Segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL-Recife), 80% dos clientes dependem desses meios de locomoção para irem fazer compras.
Por volta das 11h da sexta (28), a reportagem do JC percorreu algumas das principais vias do Centro do Recife. Nas proximidades do Mercado São José, boxes fechados. Nas ruas Nova e das Calçadas, assim como nas Avenidas Dantas Barreto e Conde da Boa Vista, estabelecimentos com portas fechadas ou fechando, diante da insegurança e movimentação praticamente nula.

“Dispensei meus funcionários e abri a loja com meu filho e minha esposa, mas não vendi um brinco que seja. Saímos de casa para nada e estamos indo embora pela falta de vendas e por medo também”, disse Sérgio Leonardo, proprietário de uma loja de bijuterias na Rua Nova.

Apesar desse cenário, o diretor executivo da CDL, Fred Leal, acredita que os lojistas de shopping e bairros afastados do centro podem ter tido bons resultados. Lamentando os registros negativos para o segmento neste mês, a CDL projeta no Dia das Mães, no mês de maio, as esperanças de recuperação das vendas no comércio.

“Sem transporte público, sem vendas. Isso é ruim tanto para o lojista, quando para o comerciário que depende de comissão. Abril já foi um mês horrível, para ser esquecido, cheio de feriados e culminou com essa greve. Maio tem o Dia das Mães, segunda melhor data do ano para o setor, a perspectiva é de melhora”, afirma o diretor executivo.

 

Ao baixar as portas da loja de móveis e eletrodomésticos que coordena, o gerente Edvaldo Oliveira dispensava os funcionários que conseguiram chegar ao trabalho. “Os que moram mais longe nós dispensamos, outros, pagamos o transporte até aqui. Além de não vender nada, ainda teve essa questão. Até eu não tive como vir, precisei pegar uma carona”, relatou.

Além do aumento no número de corridas, o taxista Elielson Gonçalves cita outros pontos positivos da paralisação para o trabalho da categoria. “O número de passageiros aumentou e a gente acaba conseguindo pegar mais corridas porque as ruas estão mais livres, sem muito trânsito. Muitas pessoas que trabalham juntas se unem para dividir a corrida, o que amplia o trajeto”, explica.

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