De acordo com um balanço realizado por associações de classes representativas do setor varejista, divulgado pela Fecomercio de São Paulo, o comércio do País pode perder algo próximo a R$ 5 bilhões em decorrência dos protestos. Esse prejuízo, no entanto, pode ficar três vezes maior, já que o fim de semana será seguido pelo feriado de 1º de maio, na segunda-feira, quando se comemora o Dia do Trabalhador.
Por aqui, ainda não há uma estimativa oficial das perdas no Recife. Mas as ruas do centro amanheceram vazias, cenário causado pela adesão ao movimento por parte da população e profissionais das empresas de transporte público. A suspensão desse serviço afeta não só o deslocamento dos funcionários, mas também o fluxo dos consumidores. Segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL-Recife), 80% dos clientes dependem desses meios de locomoção para irem fazer compras.
Por volta das 11h da sexta (28), a reportagem do JC percorreu algumas das principais vias do Centro do Recife. Nas proximidades do Mercado São José, boxes fechados. Nas ruas Nova e das Calçadas, assim como nas Avenidas Dantas Barreto e Conde da Boa Vista, estabelecimentos com portas fechadas ou fechando, diante da insegurança e movimentação praticamente nula.
“Dispensei meus funcionários e abri a loja com meu filho e minha esposa, mas não vendi um brinco que seja. Saímos de casa para nada e estamos indo embora pela falta de vendas e por medo também”, disse Sérgio Leonardo, proprietário de uma loja de bijuterias na Rua Nova.
Apesar desse cenário, o diretor executivo da CDL, Fred Leal, acredita que os lojistas de shopping e bairros afastados do centro podem ter tido bons resultados. Lamentando os registros negativos para o segmento neste mês, a CDL projeta no Dia das Mães, no mês de maio, as esperanças de recuperação das vendas no comércio.
“Sem transporte público, sem vendas. Isso é ruim tanto para o lojista, quando para o comerciário que depende de comissão. Abril já foi um mês horrível, para ser esquecido, cheio de feriados e culminou com essa greve. Maio tem o Dia das Mães, segunda melhor data do ano para o setor, a perspectiva é de melhora”, afirma o diretor executivo.
Ao baixar as portas da loja de móveis e eletrodomésticos que coordena, o gerente Edvaldo Oliveira dispensava os funcionários que conseguiram chegar ao trabalho. “Os que moram mais longe nós dispensamos, outros, pagamos o transporte até aqui. Além de não vender nada, ainda teve essa questão. Até eu não tive como vir, precisei pegar uma carona”, relatou.