Governo quer criar fundos imobiliários

A ideia é vender cotas para investidores e, com os recursos desses investimentos, reformar imóveis para aluguel, vender outros e construir em terrenos não edificados
Estadão Conteúdo
Publicado em 22/06/2017 às 10:02
Se a lei mudar, os fundos ficarão descasados Foto: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


Com uma carteira de cerca de 650 mil apartamentos, casas e terrenos em todo o País, o governo decidiu criar dois fundos imobiliários com lastro em imóveis da União. Na semana passada, foi assinado um acordo com a Caixa Econômica e, até o fim da semana, será firmado um segundo com o Banco do Brasil para a criação de um fundo em cada instituição.

A ideia é vender cotas para investidores e, com os recursos desses investimentos, reformar imóveis para aluguel, vender outros e construir em terrenos não edificados. O rendimento devolvido aos investidores viria justamente dos aluguéis ou do lucro com a venda dos imóveis. Caberá aos dois bancos administrar cada uma das carteiras, com o compromisso de torná-las rentáveis para os cotistas dos fundos. Caixa e BB terão 90 dias para apresentar propostas de modelagem dos fundos, que o governo pretende lançar ainda neste ano.

A medida é uma tentativa de aliviar o caixa do Tesouro, que tem de arcar com taxas de condomínio, manutenção e impostos de imóveis muitas vezes desocupados. Hoje, muitos dos apartamentos funcionais de propriedade da União dão prejuízo. Só em Brasília, são 225 imóveis desocupados e um passivo de mais de R$ 12 milhões relativos a condomínio, IPTU e outras taxas.

Aperto fiscal

Com o aperto fiscal, desde 2015 o governo tenta levantar recursos a partir da carteira de imóveis da União, mas vem enfrentando dificuldades. Já foram lançados editais para a venda de bens que, de acordo com o secretário do Patrimônio da União, Sidrack Correia, só venderam 15% dos imóveis listados. Além disso, o governo cogitou colocar parte desses imóveis em um fundo garantidor para investimentos em infraestrutura, mas a ideia não foi colocada em prática. "Estamos buscando alternativas. Existem muitos imóveis que estão depreciando", diz Correia.

A última estimativa, feita pelo valor patrimonial dos imóveis cadastrados, apontava um valor de R$ 7 bilhões desses bens, o que, pela avaliação de mercado, poderá ser maior.

Para o secretário, apesar de o mercado de compra e venda de imóveis estar em baixa, há espaço para investimentos em fundos imobiliários. Com a taxa Selic em baixa, muitos investidores estão migrando de aplicações em renda fixa para fundos com rendimento mais alto. "Há mercado para os fundos. Isso vem sendo estudado há algum tempo", completou.

Ele criticou as tentativas de vendas de imóveis em governos anteriores e disse que os editais eram muito complexos e com muitos imóveis. O primeiro tinha 240, com perfis diferentes.

Na última rodada de vendas, nesta semana, foi oferecido um pacote menor, com 24 apartamentos e uma casa, todas em Brasília. Também foram colocadas equipes à disposição dos compradores para tirar dúvidas. "Estamos fazendo um teste para ver como o mercado vai reagir", completou.

Mesmo com a criação dos fundos, a ideia é continuar vendendo casas e apartamentos, principalmente os que já foram colocados em edital anteriormente.

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