O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta segunda-feira, 25, que já colheu informações em sua viagem atual para o Exterior (Estados Unidos, Bélgica e Inglaterra) de dados de investimentos concretos que serão realizados no País. "Mas não me compete falar em nome de empresas privadas: a empresa tal vai investir tanto... Isso compete às empresas. A mim, (compete) falar sobre o Brasil", disse a jornalistas após participar de um evento em Londres.
Segundo ele, na viagem a Nova York, soube de empresas que já operam no Brasil e que estão ampliando sua atuação e outras que ainda não chegaram ao País, mas se preparam para tal. "Estou ouvindo isso de todas as áreas. São planos concretos", disse. "Essas coisas estão acontecendo no momento e acredito que vão acontecer ainda mais", previu.
Meirelles também afirmou que vê, no futuro, um Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) "forte, efetivo, eficiente". Ele traçou esse quadro para o banco de fomento quando questionado em uma palestra em Londres sobre sua opinião para o papel mais adequado a ser desenvolvido pela instituição, que teria desempenhado funções diferentes no governo de Fernando Henrique Cardoso e das gestões posteriores do PT (Lula e Dilma)
"Vejo um BNDES que não é apenas dependente do Tesouro Nacional, como foi até agora", afirmou. Segundo ele, a grande mudança será o banco obter funding para projetos de longo prazo. "Temos que eliminar distorções do mercado de crédito", afirmou. "A boa notícia é que essa mudança já está acontecendo", continuou. Ele voltou a dizer que os subsídios via BNDES custaram mais de R$ 100 bilhões nos últimos 10 anos aos cofres públicos.
Meirelles ressaltou que tem conversado com investidores "o tempo todo" e que os empresários olham para os números da economia brasileira, em especial, os que mostram a melhora da confiança. O ministro fez a afirmação quando questionado sobre se a Operação Lava Jato estaria atrapalhando os planos de investimento de estrangeiros no País. "As coisas estão andando no Brasil, apesar das discussões, para a direção certa. As pessoas estão olhando para frente", afirmou.
Meirelles também foi questionado sobre um estudo da ONG britânica Oxfam, publicado hoje, e que mostra que os seis brasileiros mais ricos do País concentram a mesma riqueza que os 100 milhões de brasileiros mais pobres. Os dados estão no relatório "A distância que nos une", lançado pela Oxfam Brasil.
O ministro não fez avaliações específicas sobre o relatório, mas disse que a forma mais eficaz de diminuir desigualdade social é por meio da criação de empregos e também por meio da macroeconomia, dando condições para que a inflação seja mais baixa.
"Não se enganem: a inflação penaliza os de renda menor, que têm menor capacidade de defesa", disse. Sobre a desigualdade no País, ele comentou que se trata de uma situação histórica e que não surgiu agora. "Aumentar o custo da máquina do Brasil não resolve e os programas sociais estão sendo mantidos e expandidos Temos que ter um governo mais eficiente", defendeu.
O ministro da Fazendo também evitou fazer uma afirmação taxativa sobre se será candidato ou não a presidente da República em 2018, apesar de responder a várias perguntas de jornalistas sobre o tema, em Londres, após conceder uma palestra sobre a recuperação do Brasil. "Não tomo decisões previamente; não trabalho com hipóteses. Isso eu digo há muitos anos, não fico pensando no que eu faria. Não perco tempo com isso, mas com o que eu tenho que fazer no momento", despistou.
O ministro enfatizou que está neste momento "totalmente concentrado" em suas atividades atuais, que são a de colocar a economia brasileira "na rota do crescimento", fazer reformas, aprovar medidas como as que serão discutidas esta semana no Congresso, e outras na área de produtividade e de microeconomia. "É este o meu foco no momento", afirmou.
Questionado sobre se esse enumerado de feitos na área econômica já seria uma plataforma para campanha, Meirelles respondeu de forma rápida: "Não".