O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mari Draghi, declarou neste sábado (14) que a instituição precisa ser paciente e persistente diante da fraca inflação da zona do euro. "Vai levar tempo", disse Draghi. "Temos de ser persistentes em nossa política monetária". Draghi falou durante o evento do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, realizado em Washington, Estados Unidos.
O presidente do BCE fez avaliação positiva da perspectiva econômica das 19 nações da zona do euro, mas ponderou que a inflação no bloco continua fraca, talvez em virtude do baixo crescimento dos salários. Este cenário, disse Draghi, exige que o banco seja paciente.
O programa de compra de títulos do BCE, conhecido como flexibilização quantitativa (QE, na sigla em inglês) e que movimenta em torno 60 bilhões de euros por mês, deve expirar em dezembro. Autoridades do banco devem anunciar planos para reduzi-lo no próximo ano, após encontro previsto para o dia 26 deste mês, apesar de Draghi ter sugerido que a decisão poderia ser adiada.
Economistas têm tentado explicar por que a inflação permanece baixa em diversas economias desenvolvidas, apesar do baixo nível de desemprego. Uma das razões apontadas por Draghi é o baixo crescimento da produtividade. Outra possibilidade é de as pessoas estarem trabalhando menos horas do que gostariam, mesmo não sendo consideradas desempregadas. Os trabalhadores do bloco também podem estar mais focados em garantir a segurança em seus empregos do que em pressionar por maiores salários.
Independentemente do motivo, disse Draghi, o BCE acredita que os salários vão subir à medida que o mercado de trabalho se fortalecer. O presidente do BCE disse ainda que mesmo que a economia fraca tenha sido causada por tendências de longo prazo, como globalização e envelhecimento da população, "isso não levará (a instituição) a mudar sua política".