A gigante americana Boeing e a Embraer, terceiro maior grupo aeronáutico do mundo, confirmaram nesta quinta-feira (21), que discutem uma aliança empresarial, mas afirmaram que "não há garantias" de alcançar um acordo, que vai depender da aprovação do governo brasileiro. O presidente Michel Temer, contudo, chegou a afirmar que "no meu governo a Embraer jamais será vendida".
Os primeiros relatos dessa aproximação, que se daria por uma compra de ações da Embraer pela Boeing, fizeram os preços das ações da brasileira dispararem na Bovespa, com alta que chegou a superar 30% durante a sessão, fechando com avanço superior a 25%.
Boeing e Embraer estão em discussões "em relação a uma potencial combinação de seus negócios", indica um comunicado conjunto emitido em São Paulo e Chicago.
O documento destaca, contudo, que "não há garantia de que qualquer transação resultará dessas discussões".
"Qualquer transação estará sujeita à aprovação do Governo Brasileiro e dos órgãos reguladores, dos conselhos de administração das duas companhias e dos acionistas da Embraer".
O comunicado destaca que as duas empresas "não pretendem fazer comentários adicionais sobre essas discussões".
Os mercados se agitaram após o Wall Street Journal afirmar que a Boeing fez uma oferta de alto valor para adquirir as ações da Embraer, e que as duas partes aguardariam a aprovação do governo brasileiro, que tem uma "ação de ouro", com poder de veto.
"A Embraer emprega hoje cerca de 16 mil trabalhadores no Brasil e já vinha adotando uma profunda política de desnacionalização da produção. A venda para a Boeing vai comprometer esses postos de trabalho e a própria permanência da fábrica no país", indicou o sindicato.
"A Embraer é estratégica para o país e não pode ser vendida para capital estrangeiro. Exigimos que o governo federal vete a venda e, enfim, reestatize a Embraer como forma de preservar e retomar este patrimônio nacional", acrescentou.
A Embraer foi criada pelo governo em 1969 e privatizada em 1994. O grupo americano estaria interessado em reforçar sua posição no mercado de aviões de médio alcance. A Embraer tem forte presença neste mercado de aparelhos de 70 a 100 assentos. Seu valor de mercado, até então, era estimado em cerca de 3,7 bilhões de dólares.
Essas negociações seriam uma resposta à aproximação entre a maior concorrente da Boeing, a Airbus, e a canadense Bombardier, que disputa setores de mercado semelhantes aos da Embraer.