A forte alta da cotação do petróleo e dos seus derivados neste ano foi provocada por fatores geopolíticos e a tendência é que os preços se mantenham elevados também nos próximos meses, dizem especialistas. No último dia 17, a cotação atingiu US$ 80 o barril, o que não acontecia desde novembro de 2014. Nesta segunda-feira, 21, fechou a US$ 79,22.
Com esse crescimento, o setor começa sair de uma crise que durou cerca de três anos, período em que o barril do óleo tipo Brent, negociado na Bolsa de Londres, despencou da casa dos US$ 100 para US$ 30.
No cenário internacional, a alta do petróleo acompanhou o crescimento da demanda, que superou as expectativas em 1,8 milhão de barris por dia neste primeiro semestre. Aliado a isso, houve problemas em grandes países produtores. Sem dinheiro para investir, a Venezuela, por exemplo, reduziu sua produção de 2,5 milhões de barris/dia, em 2016, para 1,5 milhão de barris/dia atualmente.
Ainda pesa a sanção americana ao Irã, que deve representar um corte de mais 250 mil barris/dia no segundo semestre, podendo chegar a 500 mil barris/dia no ano que vem. O diretor para a América Latina da consultoria IHS Markit, Ricardo Bedregal, destaca que, em junho, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) se reunirá para decidir se compensará essa queda da oferta ou se manterá os volumes atuais para que o barril chegue a US$ 80, decisão especialmente favorável à Arábia Saudita, o maior produtor mundial.
A alta do insumo tem efeito direto na receita das petroleiras. A Petrobrás ganha com as exportações de petróleo, venda de combustíveis e de outros derivados nas refinarias brasileiras e de gás natural. Em contrapartida, perde com o pagamento de mais compensações financeiras a governos pela exploração de recursos naturais.
"A relação entre oferta e demanda deve permanecer apertada durante todo este ano, provocando a alta da cotação, e pode ter algum alívio no ano que vem. Se o barril do petróleo permanecer na casa de US$ 70 será muito bom para a Petrobrás, que assim conseguirá bater com facilidade a meta financeira de redução da dívida para o fim do ano", diz Bedregal.
Maurício Tolmasquim, professor da Coppe/UFRJ, destaca que os fatores geopolíticos que motivam a alta do petróleo não vão desaparecer tão cedo. O esperado, portanto, é que a cotação se mantenha elevada. O efeito positivo é que essa alta pode estimular as empresas petroleiras a investir mais para ampliar a produção em países como o Brasil, considerado uma das melhores oportunidades de aquisições no mundo todo.